O Verão deste ano poderá ser "muito complicado", caso continue a chover menos do que o normal para esta estação. O alerta é do especialista em comportamento do fogo Xavier Viegas que referiu ainda a seca evidenciada pelos dados registados até final de Fevereiro, como um dos factores a ter em conta num possível quadro de incêndios antecipados.
"Até ao final de Fevereiro, 2008 era o pior ano da década. Se a precipitação continuar a ser muito abaixo do normal então podemos esperar por uma época de incêndios antecipada e um Verão muito complicado", afirmou o catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), à Agência Lusa.
O também presidente da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) realça que "os campos encontram-se, de um modo geral, secos" e que "as chuvas que têm caído, embora tenham atenuado em parte esta situação, não foram ainda suficientes para produzir grande quantidade de nova vegetação e abundância de água no solo, como seria de esperar no final do Inverno".
A precipitação acumulada desde Setembro de 2007 é ainda menor que a de 2005, que fora um ano extremamente seco e no qual arderam 338 mil hectares, adiantou Domingos Xavier Viegas.
Medidas a adoptar
Em relação às medidas a adoptar para evitar estes cenários, Xavier Viegas defende que, "da parte dos cidadãos, com o apoio e o impulso das autarquias, deveriam fazer-se limpezas em torno das casas e dos aglomerados populacionais".
Deveriam fazer-se planos de defesa e protecção das aldeias e das populações, com simulacros e treinos envolvendo as pessoas ou, pelo menos, alguns elementos da população com maior disponibilidade para prestar apoio aos restantes cidadãos, preconiza. Para o cientista, "as autoridades continuam a agir como se tudo dependesse delas". "Anunciam mais aviões, mais brigadas helitransportadas, mais auto-tanques, mas o cerne da questão está na sensibilização das pessoas, o que ainda está pouco trabalhado", frisou.
Em colaboração com o Comando Distrital de Operações de Socorro e com o apoio do Governo Civil de Coimbra, a ADAI vai realizar, a 26 de Abril, uma acção de formação, com a duração de um dia, dirigida aos bombeiros do distrito, sobre a temática do comportamento do fogo e da segurança pessoal.
A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), contactada pela Agência Lusa, disse que não faz previsões em termos de fogos, mas garantiu que "está sempre preparada para os piores cenários", embora não preveja qualquer situação catastrófica em termos de incêndios.
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