Dezenas de portugueses foram hoje impedidos de sair de casa para abrir os seus negócios na sequência de protestos contra a reforma constitucional, ocorridos nas cidades de Valência, Puerto Cabello e Maracay, que será referendada a 02 de Dezembro.
Vários portugueses disseram à Agência Lusa que se registaram pelas 07:30 horas locais (11:30 horas em Lisboa) vários protestos na cidade de Maracay que impediram as pessoas de sair de casa.
"As avenidas Las Delícias e José Casanova Godoy, duas das mais importantes de Maracay estão tomadas pelos manifestantes que queimam pneus e exibem cartazes contra a reforma constitucional", disse um português à Agência Lusa.
Os protestos estão a impedir os autocarros de circular em direcção ao município de Turmero, localidade onde vários portugueses não puderam hoje abrir os seus negócios, uns porque não saíram de casa e outros porque os trabalhadores não apareceram.
Os manifestantes bloquearam ainda ambos sentidos da Auto-estrada Regional do Centro que liga aos Estados a ocidente de Caracas.
Vários portugueses, proprietários de distribuidoras de alimentos, disseram à Lusa, temer que os seus camiões -que saíram muito cedo entregar mercadorias em zonas distantes – possam ser incendiados pelo que instruíram os motoristas a procurar estacionamentos seguros.
Na cidade de Valência, Estado de Carabobo (200 quilómetros a oeste de Caracas) vários portugueses foram hoje impedidos de sair das suas casas, em bairros como El Trigal e La Granja.
Segundo José Rodrigues, "várias zonas estão bloqueadas, porque os manifestantes tiraram as grades metálicas dos esgotos, para impedir a passagens de veículos".
O mesmo comerciante explicou que as escolas da localidade permanecem fechadas porque os professores e os alunos não apareceram.
Nesta cidade estão também fechados vários negócios de portugueses, nomeadamente várias padarias do sector Mañongo.
"Os manifestantes estão a queimar pneus e ostentam cartazes contra a reforma constitucional impedindo a comunicação entre ambos lados da principal avenida, a Avenida Bolívar (que atravessa a cidade)", disse.
A situação segundo vários portugueses repete-se também no Município San Joaquim e na cidade de Puerto Cabello (250 quilómetros a oeste de Caracas) provocando forte congestionamento no trânsito.
A 2 de Dezembro, os venezuelanos vão às urnas para decidir sobre a reforma aprovada pela Assembleia Nacional, que prevê alterar 69 artigos da Carta Magna, 33 deles sugeridos pelo presidente Hugo Chávez.
A reforma inclui mudanças polémicas, como a reeleição presidencial sem limites, o alargamento de seis para sete anos do mandato do chefe de Estado, o fim da autonomia do Banco Central e a introdução de novos conceitos de propriedade pública, social (comunal ou estatal), colectiva e privada.
Contempla ainda uma nova geometria do poder baseada em distritos, municípios e territórios federais e a criação de distritos insulares em que a unidade política primária assenta em cidades formadas por comunas.
A reforma prevê igualmente a atribuição ao Presidente da República de poderes para decretar regiões especiais militares com fins estratégicos de defesa em qualquer parte do território e a transformação das Forças Armadas Nacionais num organismo "essencialmente patriótico, popular e anti-imperialista".
Contempla ainda limitações aos direitos individuais e à liberdade de imprensa se for decretado o estado de sítio.
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