A falta de professores para o ensino da língua portuguesa, levou a Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA) a organizar uma manifestação que reuniu cerca de 500 portugueses em frente ao Consulado de Portugal em Dulsseldorf. Os organizadores entregaram no consulado uma resolução dirigida à ministra
da Educação e ao ministro dos Negócios Estrangeiros na qual exigem do Governo português “a contratação imediata de professores para os cursos de língua e cultura portuguesa em todas as localidades na Alemanha em que haja necessidade”.
A questão foi levantada em Julho passado, por uma professora que denunciou que cerca de 900 alunos nas áreas de Dusseldorf, Frankfurt e Estugarda iriam ficar sem aulas de português porque os professores que as leccionavam se tinham reformado. Os seis professores em questão eram pagos pelas entidades alemãs, mas ao reformarem-se não foram substituídos pelas autoridades locais que, “desde 2000 têm avisado o Governo português que não vão substituir professores de português reformados ou recolocados em outras escolas”, explicou ao Emigrante/Mundo Português, Vítor Estradas, presidente da FAPA.
Na sequência dessa denúncia, a comunidade portuguesa da Renânia do Norte e Vestefália e da área consular de Dusseldorf, realizou a 26 de Agosto, um encontro que teve como propósito planear uma manifestação de protesto.
A acção foi convocada pela FAPA para o dia 16 deste mês com o objectivo de alertar a comunidade em geral e as autoridades portuguesas para a “situação do ensino de português” que se “agrava de dia para dia sem que o Governo português tome as medidas necessárias”, referia a organização em comunicado.
Concurso local
Com a manifestação convocada e divulgada pela imprensa, no dia 11 deste mês o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, anunciava que o Governo português iria abrir um concurso local para a contratação dos seis professores que se reformaram. “Não foi possível demover as autoridades alemãs dessa intenção (de deixar de suportar as despesas com os professores de português) e resolvemos colocar professores através do regime de contratação local, que está previsto na lei”, disse Jorge Pedreira à Lusa. “Eu mesmo assinei uma proposta a autorizar a abertura de um concurso local”, acrescentou. No entanto, Vítor Estradas alertou para o facto da medida não resolver o problema, já que ficavam por substituir professores que mudaram de escola.
“Existem comunidades sem professor por estes terem sido colocados a leccionar noutras escolas. Nalguns casos esta situação já dura há mais de dois anos. O Governo conhece tudo isso”, denunciava a FAPA num comunicado divulgado como «resposta» às declarações de Jorge Pedreira.
Ao Emigrante/Mundo Português, Vítor Estradas revelou que um dos casos mais “graves” verifica-se em Minden, onde “há dois anos a professora foi colocada noutra localidade e de lá para cá, as crianças não têm tido aulas de português”. “São comunidades com 40, 50 e 60 crianças. Já há sete anos que o Governo português deveria ter tomado medidas, a coordenação do ensino sabe onde vai haver falta de professores, porque as autoridades alemãs informam”, afirmou.
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