A greve dos trabalhadores da assistência nos aeroportos regista em Lisboa uma adesão de 85 por cento e está a causar atrasos de duas a três horas na saída dos aviões, disse à Agência Lusa fonte do sindicato.
De acordo com André Teives, dirigente do Sindicato dos Técnicos de Handling dos Aeroportos, a paralisação, que começou às 00:00 de hoje, está a ser "esmagadora" em Lisboa, tendo provocado ao inicio da manhã atrasos de hora ou hora e meia nas partidas e a acumulação de passageiros, sobretudo na zona das salas de embarque.
"Logo de manhã os aviões começaram a sair com atrasos de uma hora ou uma hora e meia. Agora vão já em duas e três horas de atraso. As filas são intermináveis, as pessoas mal se mexem, há aviões a sair sem bagagem. Inclusivamente assisti a um comandante e a sua tripulação a carregar as bagagens para o porão de um avião. É o caos instalado", relata o sindicalista.
A qualquer momento os voos deverão começar a ser cancelados, o que ocorrerá principalmente no domingo, adiantou.
"Esta situação tem efeito de bola de neve. Os atrasos vão sendo cada vez maiores e já se prevê o cancelamento de voos e o parqueamento dos aviões", disse, afirmando que os passageiros estão já a dar mostras de irritação.
Segundo o responsável, houve uma "preocupação em tirar as pessoas do check-in", através de recomendações feitas aos passageiros no sentido de irem mais cedo para o aeroporto e procederem sempre que possível ao tele check-in.
Por isso mesmo, aquela é a zona em que a confusão é menos visível, mas após passar o controlo de passaporte, onde também já há aglomeração de gente, é "o caos total", afirmou.
Apesar deste cenário, as informações sonoras e visuais aos passageiros, sobre os embarques, decorrem com a maior normalidade e de acordo com o horário previsto, uma situação que André Teives considera ter como objectivo "enganar" principalmente os jornalistas, que não podem passar da zona do check-in e têm que se guiar por essas informações, e passar para a opinião pública a imagem de uma greve fracassada.
No entanto, segundo conta, a situação é bem diferente: "Mandam as pessoas dirigirem-se para os locais e depois não está lá ninguém, há portas de embarque que à hora em que deveriam fechar ainda não abriram, e chegaram até ao ponto de fazer uma última chamada para um embarque, cuja porta ainda não tinha sequer aberto".
De acordo com dados do sindicato, os sectores em que a greve mais se fez sentir no aeroporto de Lisboa foi o da fiscalização do carregamento dos aviões, com uma adesão de 100 por cento, e no balcão de serviço ao cliente (99 por cento), onde em vez dos habituais 10 funcionários está apenas um a trabalhar.
André Teives salienta que do aeroporto de Sá Carneiro já saíram pelo menos três aviões sem uma única bagagem e que a adesão em Faro foi muito além das expectativas.
O sindicato aguarda ainda a chegada a qualquer momento de inspectores do trabalho, que se deverão deslocar hoje ao aeroporto para verificar a denúncia da ilegal contratação de pessoas para trabalhar depois de já ter dado entrada o pré-aviso de greve.
Andr Teives afirmou que alguns destes trabalhadores já se ofereceram para fazer prova do dia de entrada, tendo disponibilizado os contactos.
Em comunicado divulgado sexta-feira, a ANA, responsável pela gestão das operações aeroportuárias, admitiu que a paralisação iria "afectar o normal funcionamento do aeroporto de Lisboa, prevendo-se a possibilidade de atraso nas partidas e chegadas de aviões e dificuldades acrescidas na gestão de bagagens".
A Groundforce, empresa prestadora de serviços de assistência nos aeroportos ("handling") às companhias aéreas, é responsável por cerca de 80 por cento do movimento aeroportuário, nas suas vertentes de atendimento a passageiros, "check-in", recolha e entrega de bagagens e transporte de passageiros e bagagens entre os terminais e os aviões.
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