Um projecto liderado por investidores privados e pela Câmara Municipal de Peniche, pretende tornar a ilha de Berlenga auto-sustentável através de um sistema integrado de fornecimento de energia, água potável e tratamento de águas residuais. Considerado pioneiro em todo o mundo, o projecto vai ser acompanhado por observadores da NASA, a agência aeroespacial americana, que querem aproveitar esta experiência para uma possível aplicação em países menos desenvolvidos e no espaço.
A rondar os dois milhões de euros, o projecto de auto-sustentabilidade da Berlenga, é assegurado maioritariamente pela iniciativa privada e conta ainda com o apoio de 120 mil euros, da Câmara Municipal de Peniche. O projecto tem por objectivo tornar a ilha da Berlenga auto-sustentável através de um sistema integrado de fornecimento de energia, água potável e tratamento de águas residuais.
A experiência vai ser acompanhada por técnicos da NASA, que vão fornecer know-how e pretende, também, “aprender, experimentar as aplicações e ver os resultados, para depois, com essas bases, as poderem aplicar em locais remotos”, como explicou à Lusa o dono da International Trade Bridge (ITB), empresa que faz a ponte da NASA com os países europeus e que é uma das entidades fundadoras do Centro de Prevenção da Poluição, entidade que coordena o consórcio criado para trabalhar na Berlenga. “Temos o interesse de acompanhar o que está a ser feito e, em termos técnicos, vamos aconselhar as melhores fórmulas para a aplicação das várias fases do projecto”, manifestou o responsável da ITB, o luso-americano Carlos Caldas.
Segundo o mesmo responsável, é a primeira vez, em todo o mundo, que este sistema integrado está a ser testado. Carlos Caldas destaca o pioneirismo da experiência, sublinhando que esta poderá ser aplicada a nível mundial em áreas de difícil acesso e que não dispõem de água potável e tratamento de esgotos, como zonas de África e do Médio Oriente.
Além disso, o dono da ITB explica que “há pequenas áreas do projecto que são aplicáveis nas missões ao Espaço”. Isto porque há semelhanças entre o projecto da Berlenga e o que a NASA está a começar a implementar no Novo México, Estados Unidos, onde está instalada uma das 12 bases da NASA para testar foguetões e acompanhar a compatibilidade de materiais. “É uma zona deserta em que, dados os problemas de contaminação dos solos com produtos químicos, o solo tem de ser limpo e o processo de limpeza requer a implementação de um sistema muito baseado no abastecimento contínuo de energias solar e eólica durante 40 a 60 anos”, explicou.
Para conferir o grau de eficácia, além dos testes na Berlenga, a NASA está também a experimentar em Serpa um processo de tratamento de solos contaminados por via de herbicidas. Num trabalho de parceria entre a NASA e a ITB, três técnicos norte-americanos vão fazer deslocações à Berlenga e acompanhar os trabalhos através de videoconferências, após o Verão e durante 18 meses, não havendo para já quaisquer dificuldades na implementação e observação de todo o sistema. “Pensamos que temos as condições reunidas porque temos parceiros fortes como a Galp Energia e a Águas de Portugal e temos o apoio institucional da Embaixada dos Estados Unidos e do Ministério do Ambiente”, defendeu Carlos Caldas.
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