O sobrenome é Fernandes e o sotaque de Arcos de Valdevez. Com 22 anos, Daniel Fernandes é o único militar luso-americano a bordo do porta-aviões USS Eisenhower.
Natural de Newark, New Jersey, filho de pais minhotos, Daniel queria ser piloto da Marinha norte-americana, mas os óculos impediram-no de voar.
Em vez disso, tem navegado mundo fora a reparar motores de aviões. Neste momento está destacado na “oficina” do USS Eisenhower, um grande hangar debaixo da pista, que no dia 14 deste mês foi decorado com uma enorme bandeira portuguesa, cumprindo uma velha tradição do navio, operacional desde 1977.
«Saudade» é uma palavra que o luso-descendente reconhece, mas que não se aplica a Portugal. Isto porque, todos os anos, no Verão, Daniel vai à terra dos pais.
À Agência Lusa, confessou o seu gosto “por aquelas festas” minhotas. ” Tenho cá família e adoro vir cá todos os verões”, afirmou à Lusa.
Num português que foi ensinado pelos pais e que vai misturando com algumas palavras em inglês, Daniel explica que gosta “muito da cultura e dos hábitos portugueses”.
A ponto de, quando está em terra, nos Estados Unidos, pertencer ao rancho folclórico dos camponeses do Minho, de Newark.
Durante a estadia do porta-aviões americano em Lisboa, Daniel foi muito requisitado pelos seus companheiros, afinal, é o único a bordo a saber falar português. “Querem que eu lhes diga o que comer. E eu digo que qualquer coisa é boa. Da lagosta ao «steak» (bife), a comida é boa”. A vida a bordo não é fácil, o trabalho é muito, sete dias por semana por entre aviões das mais variadas espécies, dos F-18 aos helicópteros “Sea Hawk”, ou os aviões de reconhecimento e de comunicações. O trabalho prolongar-se das 6h45 às 19h30, mas é isso que quer continuar a fazer, pelo menos por enquanto.
Porém, no dia 14 deste mês, depois de seis meses de missão no Médio Oriente e muitas avarias para consertar, Daniel Fernandes só queria saber de divertir-se em Lisboa. “Hoje sinto-me em casa”, disse à Lusa.
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