Primeiras consultas para deixar de fumar caíram para metade com a pandemia

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As primeiras consultas para deixar de fumar caíram para metade em 2020 e o número de locais de consulta baixou 35%, um retrocesso que o último relatório do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo atribui à pandemia.

Segundo o documento, devido à pandemia de covid-19, o ano de 2020 ficou marcado por “um significativo retrocesso” no âmbito do Programa de Apoio Intensivo à Cessação Tabágica, com uma diminuição do número de locais de consulta (-51%), das primeiras consultas, do total de consultas realizadas (-39,2%).

Para ajudar a aumentar o apoio médico e a convencer os portugueses a deixarem de fumar, a Fundação Portuguesa do Pulmão lançou uma campanha e vai oferecer ajuda médica (consultas, espirometria e reabilitação respiratória) nos primeiros 100 contactos.

Aproveitando as resoluções de Ano Novo, a campanha “Deixe de Fumar e Respire de Alívio” pretende mostrar as alternativas e metodologias para a desabituação tabágica, lembrando que o tabaco é a principal causa de várias doenças, entre elas o cancro do pulmão, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares.

O último relatório do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo (PNPCT), da Direção-Geral da Saúde (DGS), indica que em 2020 estiveram a funcionar 152 locais de consulta de apoio intensivo à cessação tabágica, uma redução de 35,3% e que a quebra foi mais acentuada nos agrupamentos de centros de saúde do que a nível hospitalar.

De acordo com os dados fornecidos pelas administrações regionais de saúde, em 2020 foram atendidos 6.129 utentes (primeiras consultas), uma redução de 51,7% relativamente a 2019. Algumas consultas só mantiveram o acompanhamento de utentes já inscritos, não aceitando utentes de primeira vez.

No que se refere às consultas de apoio intensivo à cessação tabágica, em 2020 foram realizadas 25.486 nos agrupamentos de centros de saúde e em serviços hospitalares.

Nos 152 locais de consulta que se mantiveram a funcionar em 2020, o atendimento foi realizado de modo presencial em 62,8% dos casos. As restantes foram realizadas por meios à distância, como videoconferência ou telefone, por imposição da pandemia.

A DGS, que ainda não tem dados relativos ao ano passado, reconhece um “significativo retrocesso” no âmbito do Programa de Apoio Intensivo à Cessação Tabágica por causa da pandemia, que reduziu tanto a procura de ajuda na cessação tabágica como a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde, em particular nos centros de saúde “devido à mobilização dos profissionais destas consultas para a resposta à pandemia”.

Segundo o relatório, a dispensa nas farmácias de embalagens do medicamento comparticipado pelo SNS usado nestas situações (vareniclina) caiu 29,1% e aumentou a dispensa de embalagens de medicamentos de substituição de nicotina (+2,6%).

O documento sublinha ainda que, em 2020, pouco mais de metade (55,8%) dos utentes com 15 ou mais anos tinham registo no sistema SClínico a nível dos cuidados de saúde primários (CSP) quanto à sua condição perante o consumo de tabaco.

De acordo com as últimas estimativas elaboradas pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), em 2019 morreram em Portugal mais de 13.500 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco.

Nesse ano, estima-se que o tabaco tenha contribuído para 32,6% dos óbitos por doença respiratória crónica, 19,1% por cancro, 8,5% por doenças cérebro-cardiovasculares, 9,8% por diabetes mellitus tipo 2 e 14,0% por infeções respiratórias do trato inferior.

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