O Governo Regional dos Açores quer incentivar a produção de carne de bovino maturada, com apoios comunitários e obras nos matadouros da região, adiantou o secretário regional da Agricultura, António Ventura.
“Vamos incentivar para 2022, através dos fundos comunitários, a maturação da carne. É uma nova oferta para os consumidores, que permite a exportação, permite longas distâncias, permite menos custos de transporte e permite oferecer este novo agroalimento”, avançou, em declarações à Lusa.
O titular da pasta da Agricultura nos Açores falava, em Angra do Heroísmo, à margem de uma visita à ExpoCarne 2021, organizada pelo Núcleo de Criadores de Bovinos de Raças de Carne da Ilha Terceira.
Para além dos incentivos aos produtores que queiram apostar em carne maturada, o Governo Regional vai também instalar câmaras de maturação nos matadouros da região.
“Não é algo que se faça de um mês para outro, é algo que se começa a fazer e tem um período de investimento, mas temos essa vontade”, disse António Ventura.
Segundo o secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, a produção de carne nos Açores ainda tem potencial de crescimento e há uma “perspetiva de otimismo relativamente à venda de carne, quer para consumo local, quer para exportação”.
“Em Portugal, só produzimos 50% da carne que consumimos. Isso significa que há muito espaço para nós podermos preencher esse consumo que ainda falta em Portugal”, apontou.
Muitos produtores de leite nos Açores estão a migrar para a produção de carne, o que para António Ventura é positivo para as duas fileiras, porque “retira a pressão da produção de leite”, permitindo que o produto seja “mais valorizado”, e, ao mesmo tempo, possibilita “uma maior oferta de carne e derivados”.
“Há uma migração para equilibrar aquilo que é o excesso de produção de leite com o défice de produção de carne. Há espaço, essa migração não vai afetar negativamente a produção de carne. Por outro lado, vai é afirmar uma fileira, quer a nível regional, quer a nível nacional”, frisou.
O preço da carne pago ao produtor “está a crescer”, mas ainda não é “o desejado”, tendo em conta “o crescimento dos fatores de produção”.
O governante defendeu, por isso, a necessidade de uma maior aposta na promoção e na conquista de novos mercados europeus, onde existem “nichos de consumidores que estão dispostos a pagar por esta qualidade excecional”.
“A carne dos Açores é reconhecida, mas há de facto muitos consumidores que, também por causa da pandemia, escolhem o preço mais baixo. Temos de ter coragem de valorizar pelo preço aquilo que é bom. Precisamos de novos mercados e de publicitar esta IGP [Indicação Geográfica Protegida] que nós temos”, afirmou.
Em “finais de janeiro”, António Ventura espera que a carne do Ramo Grande, raça autóctone dos Açores, seja também reconhecida com Denominação de Origem Protegida (DOP).
O executivo açoriano está “em fase final da certificação do matadouro de São Miguel, da Terceira e do Pico para as questões do bem-estar animal” e prevê arrancar no próximo ano com “uma agenda para a investigação no âmbito da bovinicultura de carne”.
Organizada pelo Núcleo de Criadores de Bovinos de Raças de Carne da Ilha Terceira, a ExpoCarne 2021 iniciou-se na quinta-feira e termina este domingo.
Durante quatro dias, foram promovidas palestras informativas, atividades educativas e momentos de degustação, entre outras iniciativas.
Estiveram também em exposição animais das raças Angus, Charolesa, Fleckvieh, Limousine, Mertolenga e Ramo Grande.