O setor olivícola do Alentejo está paralisado, desde a apanha da azeitona aos lagares que a transformam, devido à falta de capacidade das fábricas para armazenar o bagaço, alertou uma federação de cooperativas que sublinha que os avisos do setor foram desvalorizados.
Em comunicado enviado ao Mundo Português, a Fenazeites – Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Olivicultores revela que “num ano em que se prevê que a produção de azeite venha a atingir valores na ordem das 180.000 toneladas, o que constitui a maior campanha desde que há registos” esta federação “tomou conhecimento de que todo o setor olivícola do Alentejo está paralisado, desde a apanha de azeitona aos lagares que a transformam”.
“Devido ao boom verificado na produção deste ano, as três grandes unidades de receção de bagaço de azeitona, proveniente dos lagares, cooperativos e não cooperativos, que processam toda a azeitona produzida no Alentejo, têm a sua capacidade de armazenamento esgotada ou praticamente esgotada e não aceitam mais matéria-prima” acrescenta o comunicado.
“Toda esta situação está a provocar prejuízos incalculáveis aos agricultores e empresas ligadas ao setor, além de que será aterrador o que poderá ocorrer à cadeia de valor oleícola, por não haver onde colocar aquele bagaço de azeitona, cuja produção estimada prevê atingir os 900 000 000 Kgs” refere a Fenazeites.
Juntamente com a União de Cooperativas Agrícolas do Sul (UCASUL), dona da fábrica de Alvito, a Fenazeites tem vindo a sensibilizar as entidades para “a possibilidade desta situação poder ocorrer”.
“Apesar disso, as unidades extratoras não tiveram autorização nem para aumentar a sua capacidade, nem licenciamento para abrir novas unidades. A imagem negativa das unidades de tratamento de bagaço que tem passado nos últimos anos, seja através de grupos de pessoas ou de associações que, de algum modo, identificaram a fragilidade no impacto social, fizeram parte da agenda política setorial e em nada ajudaram a implementar as soluções necessárias para garantir o equilíbrio e a tão desejada sustentabilidade do setor” refere.
“Paralelamente, o PDR2020 deixou de incluir o setor olivícola de 2018 a novembro de 2021, e a transferência de verbas do 2º pilar para o 1º pilar demonstra a pouca preocupação da administração na urgência dos investimentos na transformação e laboração dos bagaços” pode ler-se também.
“A ausência e recusa da aceitação de uma estratégia global equilibrada para o setor, pelos organismos competentes, tem provocado estes desequilíbrios estruturais, que já estão a penalizar todo o setor nacional, nomeadamente no Alentejo, onde o estrangulamento na receção dos bagaços de azeitona está a levar ao colapso das atividades relacionadas” finaliza.