O segundo voo de repatriamento oriundo de Moçambique chegou ao início da noite desta segunda-feira a Lisboa com os passageiros a elogiarem a organização, ao contrário do que aconteceu no passado sábado em que foram muitas as críticas.
Depois da confusão no sábado no aeroporto de Lisboa após a chegada do primeiro voo de repatriamento de Maputo, em que os passageiros tiveram de fazer e pagar testes à covid-19, apesar de já os terem feito quando partiram de Moçambique, o Governo português decidiu que o INEM apoiaria a testagem nos próximos voos e sem qualquer custo.
Os 273 passageiros, na maioria portugueses e moçambicanos, chegaram a Lisboa às 18:30, com cerca de 30 minutos de atraso, e cerca das 19:00 o INEM começou o processo da testagem.
O coordenador do INEM, Bruno Borges, contou aos jornalistas que o processo de testagem de todos os passageiros deverá ficar concluído por volta da meia noite e até às 20:30 já tinham sido testados cerca de metade, não tendo sido registado nenhum caso positivo de covid-19.
Bruno Borges afirmou que os passageiros passam pelo controlo do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que faz a notificação com as autoridades de saúde para o isolamento profilático, uma vez que todos as pessoas oriundas de Moçambique têm de fazer uma quarenta obrigatória devido à nova variante Ómicron.
O responsável afirmou que os passageiros fazem um teste rápido de diagnóstico à covid-19, sendo notificados do resultado por e-mail, o que faz com que ninguém fique retido no aeroporto à espera do resultado.
“O ambiente é tranquilo, as pessoas que têm passado pelas equipas, quer do SEF, quer do INEM, agradecem. Está tudo a decorrer dentro da normalidade”, disse, explicando.
Os passageiros que passaram pela zona das chegadas do aeroporto elogiam todo o processo de organização.
“No último voo não foi tão organizado. o Estado está a funcionar muito bem. Eu pessoalmente estou grato por saber que estão a olhar pela saúde de todos”, disse aos jornalistas Samuel, que não se mostra indignado por ter de fazer agora uma quarentena
Também Francisco Costa destacou a forma como todo o processo está a ser organizado, afirmando aos jornalistas que “correu tudo muito bem” e que veio para Portugal mais cedo para fazer a quarentena e depois poder estar com a família mais à vontade no Natal.
Já Alexandre Ascensão, presidente da Associação Portuguesa em Moçambique que está a promover uma petição pelo fim dos testes e da quarentena de 14 dias à chegada a Portugal, deu “os parabéns pela organização de hoje”, mas criticou a discriminação e “o apartheid”.
“Está tudo organizado, tudo à nossa espera. Com muitas pessoas a ajudar, outra novidade boa é que os testes foram gratuito”, disse aos jornalistas, frisando que esta discriminação “só acontece com Moçambique”, onde “não há muitos casos de covid-19”.
Alexandre Ascensão considerou ainda “muito pesado para as pessoas ficarem 14 dias e quarentena”.
“A petição pública foi lançada ontem [domingo] por volta das 16:00 e hoje já tem 1.700 assinaturas. É para pedir ao Governo para terminar com a quarentena e que não obrigue a fazer o teste à chegada”, disse, sublinhando que as pessoas devem ter como opção podem sair de casa e fazer um teste passado cinco dias da chegada.
Os próximos voos de repatriamento estão previstos para quinta-feira e sábado.
Os voos servem de apoio ao regresso nos dois sentidos, depois de os Estados-membros da União Europeia (UE) terem decidido suspender temporariamente ligações aéreas com sete países da África Austral, incluindo Moçambique, devido à identificação da variante Ómicron do cornavírus, na África do Sul.