Cuba reabre esta segunda-feira as portas ao turismo estrangeiro procurando dinamizar a economia, a viver a maior crise em três décadas devido ao impacto da pandemia, ao reforço do embargo dos Estados Unidos e a uma gestão ineficaz.
A aguardada reabertura coincide com a comemoração do 502.º aniversário da capital, Havana, com o regresso às aulas do 1.º ciclo e da convocatória de uma marcha cívica de protesto pela plataforma Archipiélago que pretende a alteração do cenário político na ilha.
O processo de desaceleração das medidas mais restritivas foi aplicado no país, no âmbito da pandemia do novo coronavírus, pelas autoridades responsáveis pelo programa de vacinação massiva contra o covid-19 que prevê a imunização de 90% da população cubana até ao final do mês.
Com uma tendência sustentada de redução de infeções e mortes provocadas pela covid-19 após um forte surto desde o início do ano, o país retomou nas últimas semanas os serviços de transporte público, hotelaria, gastronomia, grande parte das atividades culturais e aluguer de residências particulares. Além disso, os alunos estão a retomar progressivamente as aulas.
Cuba reabre sem restrições as fronteiras na segunda-feira com o relaxamento das medidas estabelecidas para o cenário epidemiológico mais complicado da pandemia e com o objetivo de reverter a queda do setor turístico, segunda fonte de divisas da sua empobrecida economia.
A partir de segunda-feira, todos os passageiros que tenham recebido uma vacina reconhecida pelas autoridades sanitárias do seu país de origem e menores de 12 anos poderão entrar sem ter de apresentar um teste negativo nem fazer quarentena no país.
Aos viajantes sem vacina será exigido um teste PCR negativo ou um teste antigénio de um laboratório certificado do país de origem feito nas anteriores 72 horas à chegada a Cuba.
Segundo as autoridades de saúde cubanas, se um viajante apresentar “sinais e sintomas de covid-19 ou de outra doença transmissível” será enviado para uma instituição de saúde para ser diagnosticado.
As medidas sanitárias para a reabertura isentam os menores de 12 anos, independentemente da nacionalidade, de fazerem prova de vacinação ou teste PCR à chegada.
Mantêm-se em vigor a medição da temperatura a todos os viajantes à entrada e saída do país, o uso obrigatório de máscara e de desinfetantes para as mãos, bem como a apresentação do seguro médico covid-19.
Paralelamente, e segundo estimativas do Ministério dos Transportes, prevê-se o aumento gradual das operações aéreas nos 10 aeroportos internacionais da ilha, passando dos atuais 63 voos semanais para 400 no final do mês.
No imediato, é esperada a chegada de 147 voos a diversas cidades de Cuba, provenientes dos Estados Unidos, onde reside a maior comunidade de emigrantes cubanos no estrangeiro, sendo que desse total, 77 terão como destino do aeroporto internacional José Martí, em Havana.
As fronteiras marítimas do arquipélago está também programada a reabilitação dos seus terminais para retomar a chegada dos cruzeiros em dezembro.
O país suspendeu em abril de 2020 os voos comerciais e fretados para travar o avanço do novo coronavírus, tendo em outubro reaberto os aeroportos, mas com uma redução drástica dos voos, limitados aos provenientes dos Estados Unidos, México, Panamá, Bahamas, Haiti, República Dominicana e Colômbia.
As autoridades cubanas esperam receber mais de 100 mil turistas estrangeiros até ao final do ano.
Antes da chegada da covid a Cuba, em março de 2020, o turismo representava 10% do Produto Interno Bruto (PIB) cubano e ocupava o segundo lugar em importância para a economia, apenas atrás dos serviços profissionais.
As projeções de receber em 2020 cerca de 4,5 milhões de visitantes estrangeiros e reverter a queda de 9,3% verificada em 2019, quando rumaram ao país 4,2 milhões de turistas, esfumaram-se com a pandemia. No primeiro semestre de 2021 apenas viajaram para Cuba 114.460 turistas estrangeiros, 88% menos que no mesmo período do exercício anterior.
Nesta última fase, o turismo russo foi o mais assíduo, seguido dos cubanos residentes em outros países, dos alemães, espanhóis e canadianos.
A contração do setor verificada no último ano e meio serviu para recuperar e remodelar instalações e também para a construção de novos hotéis em Havana e na província oriental de Holguin e Varadero, o principal destino de sol e praia em Cuba.
Assim, à oferta hoteleira de 70 mil camas vão somar-se na reabertura mais quatro mil, sendo que os planos do governo apontem para que em 2030 a ilha conte com mais de 103 mil camas.