Alguns lagares de azeite da região da Beira Interior vão antecipar este ano a sua laboração relativamente ao ano anterior, devido ao amadurecimento precoce das azeitonas motivado pelas boas condições meteorológicas das últimas semanas.
As temperaturas altas verificadas no mês de outubro levaram lagares dos concelhos de Fornos de Algodres, Fundão e Guarda a anteciparem em alguns dias o início da laboração na campanha de 2021/2022, enquanto unidades de fabrico dos concelhos de Pinhel e de Trancoso mantêm os prazos tradicionais e só admitem iniciar a atividade no final do mês.
“[Este ano] vamos iniciar a laboração no dia 15 ou 16. No ano passado até iniciámos uns dois dias mais cedo e, este ano, contamos ter o lagar pronto na próxima semana, se não houver percalços, porque temos cada vez mais procura. Temos notado que, de ano para ano, temos iniciado cada vez mais cedo, nem que seja um dia ou dois”, disse à agência Lusa Carolina Guilherme, funcionária do lagar da aldeia de Cadoiço, em Fornos de Algodres (Guarda).
Carolina Guilherme diz que de ano para ano a maturação da azeitona ocorre “cada vez mais cedo”, talvez “devido às mudanças climáticas” e este ano a antecipação no funcionamento do lagar também acontece atendendo ao mês de outubro, quando foi registado “um tempo fantástico”.
Na campanha anterior, o lagar de Cadoiço recebeu 500 toneladas de azeitona de produtores dos concelhos de Fornos de Algodres, Gouveia, Celorico da Beira, Mangualde, Seia e Guarda, entre outros.
No concelho da Guarda, o lagar de Aldeia Viçosa prevê iniciar a laboração “lá para o dia 20 ou 25, quando as pessoas começarem a apanhar a azeitona”, disse a proprietária Natércia Aleixo da Cruz.
A antecipação tem acontecido nos últimos anos, dado que este lagar do Vale do Mondego era habitual iniciar as campanhas “a partir do dia 9 ou 10 de dezembro”.
Em 2020/2021 a unidade de Aldeia Viçosa recebeu um milhão de quilos de azeitona, quantidade que também espera laborar este ano, de produtores dos concelhos de Guarda, Celorico da Beira, Mêda e Belmonte.
O lagar da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores do Fundão (Castelo Branco) também antecipou o funcionamento em cerca de duas semanas, estando já a receber azeitona da zona sul da Gardunha onde o fruto “amadurece mais cedo”, segundo fonte da instituição.
A cooperativa prevê começar a receber na próxima semana a azeitona dos restantes produtores seus associados.
Segundo a fonte, a Cooperativa Agrícola dos Olivicultores do Fundão tem 2.500 associados e deve manter o lagar a laborar até “final de dezembro ou princípio de janeiro”.
Na campanha anterior, a unidade recebeu três milhões de quilos de azeitona, estimando tratar este ano “mais ou menos o mesmo” valor.
Nos concelhos de Pinhel e de Trancoso, no distrito da Guarda, a maturação da azeitona está mais atrasada e os lagares preveem trabalhar no final deste mês, dentro dos períodos habituais.
“Este ano, há pessoas que dizem que têm muita [azeitona]. Nós aqui, em Pinhel, temos um terço a menos”, disse à Lusa António Ribeiro Júlio, proprietário do lagar de Santa Eufémia.
A unidade fabril recebe azeitonas de Mêda, Trancoso, Guarda, Celorico da Beira e Pinhel e prevê laborar “mil toneladas”, quando no ano anterior recebeu 1.300.
Em Cogula, no concelho de Trancoso, a produção de azeite num dos lagares locais ainda não começou, prevendo iniciar a tarefa “na última semana de novembro”, como acontece normalmente.
“A azeitona não está madura” e se for apanhada antecipadamente, “depois, as fundas [produções] não rendem”, explicou Cremilde Paulos, familiar do proprietário do lagar.