O governo português pretende retomar o ensino do português, de forma presencial ou à distância, depois de a educação ter sido bastante afetada pela pandemia, disse hoje à Lusa a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.
“Queremos retomar o ensino do Português presencial ou à distância, porque o ensino sofreu com a covid, o português e o ensino em geral”, afirmou Berta Nunes.
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas falava este domingo na Casa do Alentejo de Toronto, dedicando o seu último dia de visita ao país norte-americano à educação e ao movimento associativo.
“Percebemos que o ensino vai retomar a parte presencial. Iremos continuar a apoiar e iremos acrescentar a parte digital como um complemento, e até para aqueles alunos que, não conseguindo estar presencialmente, querem aprender português”, acrescentou.
A governante está desde terça-feira no Canadá, onde passou por Winnipeg, Otava, Kingston e Toronto, realizando vários encontros com líderes comunitários portugueses e políticos luso-canadianos e visitando vários postos consulares portugueses.
O programa de digitalização da rede do ensino do português no estrangeiro “vai ser no Canadá um dos instrumentos para os professores e para os alunos continuarem a aprendizagem do português”, disse.
Berta Nunes também sublinhou que o Governo de Portugal tem dois objetivos em relação à língua: o de cumprir a “obrigação constitucional de oferecer a língua à comunidade”, mas também “o da promoção do português como língua internacional”, falada em todos os continentes e por muitos milhões de pessoas.
“Aqui no Canadá ambos os objetivos estão a ser conseguidos, no sentido de que grande parte do ensino de português é oferecido como ensino integrado, e temos alunos que não são portugueses e que estão a aprender português”, destacou a secretária de Estado.
O vogal do conselho diretivo do Instituto Camões, João Neves, que também acompanhou a governante na visita, salientou a importância de valorizar a língua no país.
“Quando mais valor atribuirmos à língua portuguesa no Canadá mais valor isso também confere à própria comunidade que a fala, esta é uma fórmula em que todos ganham”, realçou.
O dirigente reconheceu ainda o empenho do governo português em reforçar a colaboração com as direções de escolas no Canadá, de forma a garantir o acesso à língua, mas também o apoio aos professores e aos alunos, através de “material e ações de formação”, garantindo que o ensino do idoma “é feito com qualidade”.
Durante a visita da secretária de Estado das Comunidades, o Governo português, através do Instituto Camões, assinou uma adenda ao memorando de entendimento com o Distrito Escolar Católico de Toronto, para 10 escolas católicas do ensino básico, no ensino curricular de língua portuguesa e mais quatro escolas do ensino básico com aulas aos sábados (extracurricular).
Também foi celebrado um protocolo de Escola Associada entre o Instituto Camões e o First Portuguese Canadian Cultural Centre.
Foram ainda entregues diplomas de certificação a alunos de português das escolas públicas e comunitárias do Ontário.
O Instituto Camões dispõe de protocolos com sete direções escolares no Canadá, encontrando-se o português presente em 20 direções escolares no país.
Cerca de 3.200 alunos do ensino básico e secundário no Canadá frequentam aulas de português em escolas de ensino público e comunitário.
Das 20 escolas comunitárias existentes no país, três têm protocolo de escola associada com o Instituto Camões (First Portuguese, Luís de Camões em Otava e Associação Portuguesa de Manitoba).
Após um encontro com a comunicações social luso-canadiana, na companhia de João da Câmara, o embaixador de Portugal em Otava, ao som de fado tocado por músicos locais, a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas almoçou com a comunidade em Toronto e reconheceu 11 professores de português das escolas públicas e comunitárias no Canadá.
No final da visita, a governante visitou a Sociedade de Caridade Luso-Canadiana e participou num convívio com a comunidade na Casa da Madeira de Toronto.
Tendo em vista as eleições legislativas antecipadas para 30 de janeiro, Berta Nunes apelou aos portugueses inscritos nos cadernos eleitorais no estrangeiro que votem (por via postal ou presencial), porque “estão a fortalecer a sua legitimidade e a sua participação na escolha do destino de Portugal”.
Segundo dados do recenseamento canadiano de 2016, no Canadá viviam 483.610 portugueses e lusodescendentes, ou seja, 1,4% da população do país.
A maioria residia no Ontário (69%), Quebeque (14%) e na Colúmbia Britânica (8%).