Livre-arbítrio ou determinismo?

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Os filósofos estão divididos neste campo, desde a antiguidade até aos pensadores contemporâneos; mas os defensores da causa-efeito (livre-arbítrio), estão em larga maioria para manter esta apaixonada discussão em aberto. 

Os deterministas; são defensores acérrimos da inevitabilidade, e afirmam que o destino é uma lei cega que escapa ao controle do homem; não estou em nada de acordo com este terrível paradigma, porque acredito que existe algo superior às leis implacáveis da natureza, e a história humana está recheada de exemplos inquestionáveis das vitórias do bem sobre o mal, onde não se enquadra o determinismo. 

Recordo episódios recentes como os grandes conflitos mundiais, e ditaduras ferozes que dizimaram ao longo dos tempos centenas de milhões de humanos, mas que os agressores acabaram por não vencer; e epidemias que devastaram Nações inteiras, e que acabaram por se extinguirem.

 

O livre-arbítrio é a liberdade do homem versus determinismo; não faria sentido que o bem fosse nivelado pelo mal, ou mais concretamente que o Céu fosse aberto a um grande criminoso, enquanto a um filantropo o esperaria o inferno; sendo o bem simbolizado pelos valores da equidade e da Justiça, e o mal uma inquestionável aberração. 

A nossa consciência tem como função alertar o livre-arbítrio, sempre que se apresenta uma decisão difícil de tomar; nem sempre decidimos de acordo com a recomendação, mas não podemos dizer que não nos foi dado o alerta; muitas destas mensagens, são transmitidas ao nosso subconsciente sem que delas nos apercebamos.

Existirá sempre um conflito latente entre o livre-arbítrio e a nossa consciência, e não são raras as vezes em que a razão é colocada como a segunda opção; neste caso, o mal terá levado a melhor em detrimento do bem; sendo provável que os humanos ainda estejam numa fase de transição, distantes do produto acabado que é a perfeição. 

Os deterministas acreditam que ninguém pode fugir às leis implacáveis da natureza, e que todos nós temos o destino marcado desde os primórdios dos tempos; existe quem defenda esta teoria, mas eu não acredito que ela tenha alguma consistência. 

Todos os dias somos confrontados com notícias desagradáveis, que com toda a certeza não acontecem para cumprir um capricho determinista da natureza; alguns danos colaterais acontecem no percurso das nossas vidas, mas jamais acreditaria na sua inevitabilidade. 

O determinista defende que dar uma esmola a um pobre não é um ato meritório, mas sim o simples efeito de uma causa que lhe está subjacente; portanto do seu ponto de vista, esta não é uma atitude benemérita que lhe abrirá o Reino dos Céus; o determinista pensa que o pobre tem fome porque uma causa lhe está subjacente; que foi a perda do emprego que já estava determinado há milhões de anos, ainda muito antes do homem aparecer na Terra. 

Deixei aqui como exemplo acidentes do percurso não determinado das nossas curtíssimas vidas; e danos colaterais nas nossas existências, onde tudo se joga neste complexo palco desde o nascimento até à morte. 

O mundo em que vivemos pode ser sem que o saibamos, uma escola para atingir a perfeição; que até poderá ser virtual, e que temos que o partilhar com mundos “paralelos” coexistentes no mesmo espaço e tempo; sendo um deles o que a esmagadora maioria de todos nós acredita ser um “mundo espiritual transitório”, defendido por diversos credos e religiões.

 Em suma; quando uma criança nasce não está predestinada a ser um criminoso, porque terá o livre-arbítrio de decidir o seu próprio caminho; saberá que a prática do bem terá um efeito inverso ao do mal; e que este se for praticado será sempre punido, e que ninguém é condenado à nascença a ser pobre como defendem os deterministas, que a ter alguma consistência teríamos que ir mais ao fundo da questão; que é definir a causalidade, que possa estar na origem da própria causa.

Joaquim Vitorino  

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