O Governo da Madeira, presidido por Miguel Albuquerque, expressou pesar pela morte do cónego madeirense Alexandre Mendonça, que morreu na quarta-feira na Venezuela, destacando o “seu elevado sentido humanista” e “altruísmo”.
Numa nota enviada às redações, o executivo madeirense endereça à família “os mais sinceros pêsames” e enaltece a “figura de relevo, incontornável e marcante da comunidade madeirense radicada na Venezuela, não só no campo espiritual, mas também pelo profundo sentido humanista com que sempre se colocou e se entregou ao serviço daquela nossa comunidade na diáspora”.
“Na memória coletiva da comunidade na diáspora e da nossa terra ficará para sempre o altruísmo e o mais elevado sentido humanista na forma como prontamente acolheu na Missão Católica Portuguesa, da qual era diretor, dezenas de compatriotas que perderam as suas casas e familiares durante as enxurradas no Estado de Vargas em 1999”, destaca o Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP.
Miguel Albuquerque manifesta ainda a sua gratidão para com “os relevantes serviços prestados” por Alexandre Mendonça junto da comunidade madeirense na Venezuela.
O PSD manifestou, igualmente, pesar pela morte do cónego Alexandre Mendonça e apresentou, na Assembleia Legislativa, um voto de pesar, destacando “a sua dedicação e atenção para com a comunidade portuguesa residente na Venezuela”.
Também o grupo parlamentar do PS no parlamento da Madeira emitiu uma nota de pesar, na qual sublinha que o padre Alexandre Mendonça “deixa uma marca inapagável junto das comunidades portuguesas e madeirenses na Venezuela, país para o qual emigrou há mais de 50 anos e onde desenvolveu uma notável obra social”.
“Com a sua partida, a nossa diáspora fica, inevitavelmente, mais pobre”, afirmam os socialistas.
Alexandre João Mendonça de Canha nasceu no Funchal, na Madeira, e emigrou para a Venezuela aos 12 anos de idade, onde se fez sacerdote, concretizando “a coisa mais linda e importante” da sua vida.
Durante os mais de 33 anos de sacerdócio, destacou-se como mentor da comunidade luso-venezuelana.
A morte de Alexandre Mendonça foi confirmada à agência Lusa por fontes próximas do sacerdote na quarta-feira à noite, precisando que esteve internado em setembro por motivos relacionados com a covid-19 e que teve uma recaída que o levou novamente a uma clínica de Caracas.
Devoto de Nossa Senhora de Fátima, Mendonça, abriu as portas da Missão Católica Portuguesa para acolher dezenas de compatriotas que perderam as suas casas e familiares durante as enxurradas de finais de 1999 no estado venezuelano de Vargas.
Durante mais de 15 anos foi mentor de Campo Rico, uma paróquia popular de gente muito pobre e exerceu funções como ecónomo do arcebispado de Caracas, diretor da Casa Sacerdotal (que acolhe sacerdotes doentes) e capelão de vários organismos de segurança pública venezuelanos.
Em dezembro de 2016, o arcebispo de Caracas, Jorge Urosa Savino (1942-2021), conferiu-lhe o título honorífico de cardeal.
Em junho de 2019, foi condecorado com a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, durante o Dia de Portugal, aproveitando a ocasião para apelar aos lusitanos a dar atenção aos mais vulneráveis, em particular os anciãos luso-venezuelanos.
Mendonça foi condecorado como comendador da República de Portugal (1997) e com a ordem Cecílio Acosta em primeira classe (1999) pelas autoridades do Estado de Miranda (Venezuela). Em 2006 foi declarado “madeirense ilustre” e agraciado com uma medalha e um galardão pela Comissão Pró-Celebração do Dia da Região Autónoma da Madeira em Caracas.
Presidiu à Fundação Virgem de Fátima e foi assessor do Movimento Sacerdotal Mariano. Também foi guia espiritual de associações de beneficência e colégios, do Centro Português (Macaracuay) e do Centro Marítimo da Venezuela (Turumo).
Também recebeu a Cruz da Polícia Metropolitana de Caracas, em segunda e terceira classe.
Em 2006 foi condecorado pelo Centro Português de Caracas com a Ordem Grande Cordão João Fernandes de Leão Pacheco.