Emigração portuguesa para o Havai “é uma história que precisa de mais atenção”

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A história da emigração portuguesa para o estado norte-americano do Havai não tem recebido a atenção merecida, disse a historiadora lusodescendente Donna M. Binkiewicz, numa sessão de apresentação do seu novo livro.

“Não há muito escrito sobre os portugueses como comunidade de emigrantes, e há ainda menos escrito sobre a emigração portuguesa no Havai”, afirmou a historiadora, que é professora na Universidade Estadual da Califórnia, Long Beach.

Binkiewicz, que falava num painel organizado pelo Instituto Português Além-Fronteiras, da Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, disse que a sua expectativa é que o livro atraia públicos diversos, dos luso-americanos aos leitores interessados na história do Havai.

“É um tema importante – essa experiência da emigração, a busca pelo sucesso”, indicou.

O seu livro, “Between the Sea and Sky – The Saga of My Portuguese-American Family in Upcountry Maui, 1881-1941” (Entre o mar e o céu – A saga da minha família luso-americana no interior de Maui, 1881-1941), conta a história de emigração da sua família, de São Miguel para o Havai.

“Uma das coisas que me levou a escrever foi que sempre que eu falava de como a minha família veio dos Açores para o Havai, as pessoas achavam interessante”, contou Donna Binkiewicz. “Mas quando comecei a fazer trabalho e pesquisa, percebi que não havia muito escrito sobre isto”.

A autora referiu que mesmo um livro sobre a emigração açoriana para os Estados Unidos, publicado por Jerry Williams em 2005, tinha apenas uma dezena de páginas dedicadas aos portugueses no Havai.

“Senti que esta é uma história que precisa de mais atenção, para lá dos números e da história geral das plantações”, explicou.

“Penso que os portugueses, em particular, ficaram perdidos, porque as histórias sobre os trabalhadores das plantações focam-se nos ásio-americanos, que foram a maioria após 1900”, continuou. “Mas no final do século XIX, os portugueses eram um número significativo da população que foi trazida para trabalhar nas plantações de açúcar”.

A sua família fez parte dessa vaga de emigrantes que partiram de várias partes do mundo, incluindo do arquipélago dos Açores, para o Havai, que nessa altura era um reino e estava longe de integrar os Estados Unidos.

“Há uma presença portuguesa na minha cidade-natal e noutros locais no Havai que merece muito mais atenção”, reiterou a docente.

Binkiewicz salientou que os portugueses se destacaram porque muitos terminaram os contratos iniciais de três anos nas plantações e foram em busca de outros sonhos.

“Tornaram-se agricultores e rancheiros”, exemplificou. “A minha família acabou a cultivar ananás”.

Os portugueses também construíram igrejas católicas que ainda hoje estão de pé, indicou a autora. “Eles introduziram o catolicismo de forma proeminente onde antes não existia”.

O livro, embora sendo de não-ficção, está escrito de forma romanceada, tendo por isso um formato que Binkiewicz caracterizou como híbrido. Atravessa várias gerações da sua família desde que os primeiros elementos fizeram a longa travessia de São Miguel para o Havai, no século XIX.

“Foi muito corajoso o que eles fizeram. Começar tudo de novo num sítio desconhecido, como fazem todos os emigrantes”, disse a autora.

Um dos objetivos no livro foi também destacar o papel das mulheres portuguesas, “que não receberam muito crédito” pelo trabalho que fizeram, acrescentou.

Donna M. Binkiewicz leciona no Departamento de História da Universidade Estadual da Califórnia, Long Beach.

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