A procura pelos postos de vacinação contra a covid-19 em Luanda duplicou, sobretudo com os jovens que preenchem as filas quase intermináveis, maioritariamente em busca da primeira dose, quando as autoridades asseguraram reservas para responder à procura.
Enchentes e filas quase infindáveis à entrada dos postos de vacinação na capital angolana e no interior destes, é o cenário registado na sexta-feira nos postos do Magistério Mutu-ya-Kevela e da Cidadela Desportiva em Luanda, preenchidos desde as primeiras horas.
Quem circulava nos arredores do posto de vacinação do Magistério Primário, zona do Maculusso, centro de Luanda, facilmente vislumbrava a considerável presença de pessoas, entre jovens, adultos e idosos, que formavam um extenso cordão humano que se estendia até à berma da rua Salvador Alende.
Ávida em tomar da segunda dose da vacina AstraZeneca encontramos na longa fila à entrada do posto de vacinação do Magistério Primário a senhora Marcelina Sebastião que em declarações à Lusa prometeu “aguentar a enchente” para ganhar imunidade contra a covid-19.
“Apesar da enchente vamos tentar porque em todo o lado não há, cheguei aqui 11:00 e estamos aqui a aguentar, se dar para apanhar vamos apanhar, se não vamos voltar num outro dia”, disse a doméstica, de 36 anos.
Marcelina Sebastião disse também estar atenta às notícias e ao aumento de novos casos: “Temos de nos prevenir e a vacina é uma delas”.
Maria Helena, 46 anos, doméstica, também em busca da segunda dose acorreu àquele posto desde as primeiras horas desta sexta-feira acreditando que apesar da enorme fila chegaria a sua vez para receber a vacina da AstraZeneca.
O aumento de novas infeções e de mortes associadas à covid-19 no país e a obrigatoriedade do certificado de vacinas, já a partir de 15 de outubro, sobretudo em locais públicos e/ou fechados, concorrem para a grande adesão de cidadãos aos postos de vacinação.
Medidas mais restritivas para conter a propagação da covid-19 em Angola foram determinadas pelas autoridades, cujo novo decreto sobre a situação de calamidade pública começou sexta-feira, 01 de outubro.
Atento às novas medidas emanadas pelas autoridades angolanas diz estar o funcionário público Dilson João de Deus, 34 anos, que “venceu o medo”, tomou a primeira dose da vacina e diz estar “mais confiante e seguro”.
A afluência em massa de cidadãos naquele posto de vacinação foi confirmada pela sua coordenadora, Joana Dimiro, considerando que as pessoas despertaram em função do novo decreto sobre a situação de calamidade pública que impõe algumas restrições.
“Parece que acordaram e temos aqui uma enchente fora daquilo que estamos habituados a vacinar”, afirmou a responsável à Lusa.
A médica deu conta também que aquela unidade tem disponíveis as vacinas da Astrazeneca, Sinopharm e a Pfizer, para a primeira e segunda doses, em quantidade suficiente para atender à procura.
“Em alguns dias já se tem notado uma grande adesão embora termos vacinado acima de 2 mil pessoas por dia”, acrescentou.
O posto de Vacinação da Cidadela Desportiva, distrito urbano do Rangel, um dos 11 espalhados por Luanda, também acolheu esta sexta-feira uma considerável presença de pessoas, que em fila aguardavam pela sua vez para tomarem a vacina.
A grande presença de cidadãos no interior do complexo da Cidadela Desportiva confundia-se com as históricas enchentes de espetadores que ali acorriam, sobretudo aos fins de semana, para assistirem aos jogos de futebol naquele mítico estádio de Luanda.
Cinco horas depois de espera, a estudante Luana Van-Dúnem de Brito, 19 anos, conseguiu tomar a segunda dose da vacina da AstraZeneca, dizendo que “valeu a pena aguentar a fila enorme”.
“Já tomei sim a vacina, o processo foi demorado, mas valeu a pena, cheguei cá as 09:00 aguentei a fila enorme, mas agora, por volta das 14 horas já estou vacinada porque estava na luta”, afirmou manifestando-se satisfeita.
A falta da referida vacina no país, recordou a estudante de engenharia, ajudou ao aumento da procura da toma da segunda dose.
Esperança Belo, médica e coordenadora do posto da Cidadela, disse estar satisfeita com a adesão considerável, sobretudo entre os jovens: “quanto mais vacinarmos melhor para atingirmos maior parte da população e para atingirmos a imunidade”.
Angola pretende vacinar 60% da população elegível do país contra a covid-19 até dezembro próximo, ou seja, 7,8 milhões de habitantes maiores de 18 anos, informou na quinta-feira a ministra da Saúde angolana, Sílvia Lutucuta.