O coordenador do plano de vacinação contra a covid-19 foi recebido este sábado no centro de vacinação de Alcabideche, em Cascais, com muitos aplausos, no dia em que começaram a ser vacinados os jovens entre os 12 e 15 anos.
“Não estava à espera. Já visitei muitos pavilhões, mas eu julgo que os problemas recentes fizeram com que os pais também tomassem mais consciência deste processo. Acho que estes aplausos foram mais para me animar e eu agradeço imenso e fico comovido”, disse o coordenador da ‘task-force’ de vacinação, Gouveia e Melo, aos jornalistas, no final da visita.
Há uma semana, em Odivelas (distrito de Lisboa), o vice-almirante foi recebido com insultos no centro de vacinação instalado no pavilhão multiúsos por algumas dezenas de manifestantes antivacinação, que gritaram palavras como “assassino”.
Questionado então pelos jornalistas, Gouveia e Melo salientou que a única coisa que tinha a dizer aos manifestantes era que “o obscurantismo no século XXI continua, há ondas de obscurantismo”.
Pelas 11:40 de sábado, era visível uma fila já extensa de muitos jovens, a maioria acompanhada pelos pais, para entrar no centro de vacinação de Alcabideche, no concelho de Cascais, distrito de Lisboa.
A vacinação contra a covid-19 de crianças e jovens entre os 12 e os 15 anos começou este sábado, no primeiro de dois fins de semana dedicados a esta faixa etária.
À entrada do complexo, encontrava-se a jovem Maria Santos, de 13 anos, que não conseguia esconder a ansiedade pela vacinação, confessando à agência Lusa que estava “um bocado nervosa”, mas “confiante”.
Ao seu lado, a mãe, Ana Cardoso, disse que a vacinação dos mais jovens “é essencial” para os proteger e “criar segurança”.
“Vamos criar segurança para a vacinação e proteger as nossas crianças, agora que as aulas vão iniciar-se, em setembro. Este é um passo importante para criar essa segurança”, apontou.
Já na área de recobro, Afonso Pereira, de 14 anos, manifestou a sua satisfação pelo facto de a vacina não ter doído como pensava e por poder “voltar a socializar”.
“Pensei que ia doer mais, mas não doeu. Quase não senti. Cada vez mais queremos voltar a socializar e a vacina é muito importante. Vinha com uma ótima expectativa e correu bem”, afirmou.
Já a mãe de Afonso, Vânia Andrade contou que o filho, que nasceu prematuro (23 semanas), “sempre quis ser vacinado”, pois vê na vacina “uma forma de proteção”.
“Acho que é uma proteção para eles e para nós. Acho fundamental. Dúvidas todos nós temos, mas eu guio-me por aquilo que os médicos dizem e, por isso, sempre estive tranquila”, ressalvou.
Duarte Saraiva, de 14 anos, chegou ao centro de vacinação de Alcabideche na companhia do irmão Jaime, de 16 anos, que também foi vacinado, e do pai.
“Vim com a expectativa de não apanhar covid e poder ir para sítios com a vacina e poder ir a concertos”, explicou, contando que o facto de os irmãos já terem sido vacinados o ajudou a ter “menos medo”.
Tendo como base estes exemplos, Gouveia e Melo manifestou aos jornalistas o seu orgulho pela adesão dos jovens à vacinação, indicando que ao final da manhã, em todo o continente português, tinham sido vacinadas cerca de 45 mil pessoas.
“Este é o quarto centro de vacinação em que passo e estão cheios. As pessoas a virem em massa para a vacinação. O que é que eu posso dizer? Estou emocionado”, declarou.
Questionado sobre a decisão do Governo dos Açores de se preparar para o processo de vacinar os mais vulneráveis com uma terceira dose, Gouveia e Melo respondeu que as entidades regionais “têm autonomia para tomar essas decisões”, escusando-se a fazer considerações sobre o ‘timing’.
“Acho que isso é normal, faz parte da autonomia. No entanto, nesta fase ainda não começamos de dar as segundas doses a toda a população. Não digo que é precipitado. Eles têm as suas razões e motivos. Nós [continente] ainda não estamos nessa fase e quem vai decidir isso será a DGS (Direção-Geral da Saúde) a devido tempo”, ressalvou.
Para este primeiro fim de semana estão agendadas cerca de 110 mil pessoas.
Além daqueles que tenham realizado o pedido de autoagendamento para os dias 21 e 22 de agosto, e aqueles que tenham sido chamados pelos serviços de saúde, a ‘task-force’ que coordena o programa de vacinação decidiu abrir também a modalidade “Casa Aberta”, à semelhança do que aconteceu no fim de semana anterior com os jovens de 16 e 17 anos.
Esta modalidade, que funciona em horários limitados, dispensa a marcação prévia, exigindo apenas a obtenção de uma senha digital através do portal do Ministério da Saúde (https://covid19.min-saude.pt/senha-digital-casa-aberta/), e atualmente só está disponível para maiores de 16 anos.
As datas para a toma da segunda dose também já estão definidas. No fim de semana de 11 e 12 de setembro, os jovens entre os 12 e os 15 anos estarão de regresso para completar a vacinação, mesmo antes do início do ano letivo.
A vacinação desta faixa etária vai continuar no fim de semana de 28 e 29 de agosto, estando aberto o autoagendamento para essas datas até sábado, que abrange também a faixa etária dos 16 e 17 anos.
De acordo com o calendário definido pela ‘task-force’, o objetivo é concluir o processo de vacinação dos jovens até ao dia 19 de setembro, perto do início do ano letivo. É nesse fim de semana que serão administradas as segundas doses do próximo ‘turno’.
A recomendação da DGS para a vacinação universal das crianças e jovens entre os 12 e os 15 anos foi conhecida no passado dia 10 de agosto, deixando assim de ficar circunscrita a situações específicas, como os casos em que existam doenças de risco para a covid-19.
A campanha de vacinação contra a covid-19 iniciou-se em Portugal em 27 de dezembro de 2020, sendo administradas atualmente as vacinas de dose única (Janssen) e de dose dupla (Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca). Na quinta-feira, o país atingiu os 70% de população com a vacinação completa contra a covid-19.