A construção militar do Castelo de Óbidos é de origem islâmica e cristã, sendo a primeira referência de reformulação das muralhas atribuída a D. Sancho I, com o prolongamento do Castelo para sul até à Torre do Facho, onde adquiriu a configuração atual.
As imponentes muralhas vistas do lado norte, são a prova da importância que elas tinham na defesa do território na era medieval e até à consolidação da independência de Portugal. A Monumental riqueza arquitetónica e paisagística, com a beleza ímpar do traço arquitetónico das suas muralhas, e o típico casario das ruas estreitas empedradas transformaram o Castelo de Óbidos no local mais visitado do Oeste.
Na antiguidade foi ponto de encontro de civilizações e entreposto de comércio, onde muçulmanos e cristãos conviveram lado a lado como provam muitos documentos, em que as duas religiões coabitavam pacificamente.
Este idílico Castelo é uma viagem ao passado e um convite a reviver as origens do povo que hoje somos. Quando das invasões (vikings) vindas do norte da Europa, que espalharam o terror com mortes violações e pilhagens, levou a uma aliança de defesa entre cristãos e árabes, uma estratégia que resultou em pleno na defesa das populações que se fixaram naquele local imediatamente a seguir ao abandono da Lusitânia pelos romanos.
Foi precisamente a seguir a este acontecimento que a muralha de Óbidos teve um papel fundamental nas conquistas de Lisboa e Santarém e na contenção das incursões dos normandos. O nome Óbidos, que quer dizer ‘cidade fortificada’, teve a sua origem posterior às primeiras muralhas a norte, ainda sem a cidadela.
Durante muitos anos houve um grande despovoamento do território com o abandono dos romanos, o que veio a incentivar o avanço árabe na península Ibérica a sul do rio Mondego e até ao Algarve e toda a Andaluzia – onde durante Séculos será mantido o bastião muçulmano nas cidades de Sevilha, Córdova e Granada.
Muito se tem especulado sobre as origens deste belíssimo Castelo. Não existindo qualquer documentação escrita, e não tendo as características da arquitetura de origem romana, não nos deixam dúvidas de terem sido “mouros” os seus construtores – o que teve lugar imediatamente a seguir ao abandono de toda a faixa litoral dos exércitos de Roma.
As sucessivas vagas de assaltos dos nórdicos deram lugar a que as populações mouriscas e cristãs se unissem contra os invasores, o que levou D. Afonso Henriques a ter uma grande condescendência com os árabes na conquista de Lisboa – ao contrário da especulação histórica de muitas baixas, na verdade os ocupantes foram convidados a abandonar a cidade pacificamente para um local mais a sul.
Os romanos deixaram um grande legado aos novos ocupantes árabes e lusitanos, como estradas e pontes que funcionaram até aos nossos dias, mas também os árabes marcaram a sua presença, em especial na agricultura, com sistemas de rega que nos foram muito úteis, como a famosa engenharia mecânica das noras para retirar a água dos poços que tiveram um papel fundamental na alimentação das populações, e que funcionaram até meados do século XX, até que foram inventados os motores de rega.
Óbidos, não tinha inicialmente o aspeto atual: as suas muralhas iniciais eram mais baixas e formavam um quadrado e só posteriormente foi sofrendo em fases separadas a metamorfose que deu lugar ao aspeto atual da ‘Vila Fortificada’.
A construção mais antiga do Castelo não tinha torre de menagem, até que por finais do século XIV D. Fernando mandou construir a atual torre, que deixa os visitantes impressionados pela sua imponência. A decisão teve origem nas novas técnicas de guerra que foram surgindo na época, em que as armas de fogo começaram a surgir nos campos de batalha tornando praticamente nulas as de características neurobalísticas.
O Castelo de Óbidos é um fenómeno incontornável do turismo no Oeste de Portugal, que é a região que mais cresceu nos últimos anos, a proximidade com o Atlântico e as suas belas praias, a que se juntam um vastíssimo espólio cultural para visitar como bibliotecas, o imperdível museu da Vila e as belíssimas Igrejas e Capelas de elevado valor em arte sacra, colocam o Castelo de Óbidos, a ‘Vila Natal’, em destaque no grande roteiro do turismo internacional.
Joaquim Vitorino
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108 anos depois da implantação da República, muitos portugueses ainda se questionam sobre as verdadeiras motivações do regicídio; que posteriormente obrigou D. Manuel II, que foi o último Rei português ao exílio. Ao tempo já existia uma Monarquia Constitucional moderna, com o poder descentralizado num quadro político bastante amplo e avançado para aquela época; sendo o Rei uma figura central, mas que não governava o país.