Pelo menos sete negócios de portugueses saqueados em Joanesburgo e Gauteng

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Pelo menos seis grandes superfícies e uma loja de venda de álcool de empresários portugueses foram saqueados por completo em várias áreas de Joanesburgo, a capital económica da África do Sul, relatou o comerciante José dos Anjos à Lusa.

O emigrante português precisou que os incidentes ocorreram no Soweto, Protea Glen, Orange Farm, Alexandra e Vosloorus, esta última localizada no leste da província de Gauteng, envolvente a Joanesburgo.

“Falei há instantes com um dos nossos fornecedores que me disse que a situação está muito má, o supermercado onde trabalhei no Soweto – o Food Lover’s Market, foi totalmente saqueado”, explicou José dos Anjos.

O comerciante sublinhou que os assaltantes “limparam tudo” no supermercado português, que integra uma das maiores redes de grandes superfícies no país, durante o saque na tarde desta segunda-feira ao Jabulani Mall, o maior centro comercial no Soweto, cidade satélite a oeste de Joanesburgo e berço da resistência anti-apartheid.

“Limparam tudo, os computadores, até as panelas na cozinha, levaram o camião que usávamos para ir buscar abastecimentos ao mercado, e equipamento”, referiu José dos Anjos à Lusa. “O estabelecimento está totalmente destruído”.

Milhares de pessoas assaltaram na tarde desta segunda-feira o maior centro comercial no coração do Soweto, saqueando várias lojas perante a incapacidade da Polícia em dispersar a multidão que “pareciam formigas”.

O assalto ao centro comercial foi transmitido em direto pelo canal de televisão sul-africano ENCA.

Na emissão em direto do centro comercial, viu-se a população local, sem máscara de proteção contra a covid-19 apesar das restrições de contenção de nível 4 em vigor no país, a forçar a entrada em vários estabelecimentos comerciais e a “carregar” frigoríficos, camas, colchões, produtos alimentares, mobiliário, vestuário, equipamento, entre outros, perante a passividade dos agentes policiais à distância no parque de estacionamento.

“E parece que a pilhagem ainda não parou, porque acabo de falar com os moços que ainda trabalhavam lá, tentaram levar também o empilhador, mas a máquina não pegou, mas de resto foi tudo, até o equipamento que estava dentro do talho, as máquinas, carregaram tudo”, precisou ainda José dos Anjos.

Em Protea Glen, também no Soweto, um outro estabelecimento comercial do mesmo proprietário português, o ‘Waltloo Meat & Chicken’, foi também saqueado, adiantou.

“E há pouco acabaram de saquear também uma outra loja da mesma marca em Orange Farm”, declarou à Lusa o comerciante português.

Orange Farm é um município localizado a cerca de 45 km a Sul de Joanesburgo, na província de Gauteng.

José dos Anjos relatou também à Lusa que no bairro informal de Alexandra, junto a Sandton – sede da bolsa de valores de Joanesburgo e de várias empresas portuguesas e multinacionais, “o talho do grupo português Roots Butchery foi também saqueado por completo”.

“Em Vosloorus [cidade localizada em Gauteng], foram saqueados dois estabelecimentos da rede Meat Express, que é também de um português, e também no Soweto um outro estabelecimento, julgo que se chama Midway Liquor, também de um português, foi afetado”, adiantou.

“A situação está muito má”, frisou José dos Anjos.

A África do Sul tem sido fustigada nos últimos dias por violentos protestos sem tréguas depois do ex-Presidente sul-africano Jacob Zuma ter sido detido.

Os incidentes começaram na província oriental KwaZulu-Natal, onde nasceu o antigo chefe de Estado sul-africano Jacob Zuma, após este ter sido detido na sua residência, em Nkandla, na quarta-feira à noite pelas forças de segurança, para cumprir uma pena de prisão de 15 meses por desrespeito a uma ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país.

Zuma, de 79 anos, que liderou o ANC de 2007 a 2017, foi considerado culpado por não obedecer à ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país, para comparecer perante a comissão que investiga alegações de corrupção no Estado sul-africano durante o seu mandato presidencial de 2009 a 2018.

Paralelamente, o antigo Presidente está também a ser julgado num caso que investiga corrupção, branqueamento de capitais e fraude, relacionadas com um negócio de armas multimilionário, assinado no final dos anos de 1990, na altura em que exerceu o cargo de vice-presidente da República (1999-2005) no mandato do ex-presidente Thabo Mbeki.

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