“Temos capacidade mas não acreditamos que somos os melhores”

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O português Luís Marques, diretor criativo da agência de publicidade BBDO Worldwide em Los Angeles, considera que Portugal tem talento e mão de obra muito qualificada mas precisa de encontrar a atitude certa para progredir.

“Acredito que o povo português tem uma energia muito forte. Se quisermos alcançar as coisas, a gente alcança”, disse à Lusa o responsável, que está nos Estados Unidos há oito anos. “Só que a atitude do nosso povo não é como a atitude do povo americano”.

Com um percurso relevante nalgumas das melhores agências de publicidade do mundo, o criativo originário da Madeira notou uma diferença grande quando começou a trabalhar nos Estados Unidos.

“Uma das coisas que senti aqui é que toda a gente queria fazer o melhor, que o projeto fosse o mais longe possível, desde o estagiário ao diretor da agência”, afirmou. “Aqui querem ser primeiros e vencedores a toda a hora”.

Em Portugal, onde “a mão de obra é muito boa” e há inúmeros exemplos de excelência, a abordagem é diferente.

“Temos capacidade mas não acreditamos que somos os melhores e isso faz a diferença”, sublinhou Luís Marques. “Falta-nos apoiar-nos uns aos outros, puxarmo-nos”.

O percurso do criativo, que passou por Colorado, Amesterdão e Chicago, levou-o a Los Angeles quando a operadora de telecomunicações AT&T comprou a Time Warner e pediu à BBDO que abrisse escritório na costa oeste dos Estados Unidos.

“Eles disseram à agência que queriam transitar de uma companhia de telecomunicações para uma empresa de entretenimento, que está todo em Los Angeles”, explicou Luís Marques.

Na altura, o português tinha trabalhado numa campanha memorável para a Samsung Mobile, “Snail”, e foi convidado para diretor criativo associado do novo escritório, subindo depois a diretor criativo.

A pandemia de covid-19 veio complicar o trabalho com a AT&T, principal cliente do escritório em Los Angeles, porque as filmagens foram todas suspensas na cidade.

“Foi um tempo muito lento, durante a pandemia”, contou o responsável, que aproveitou para aprender fotografia e acabou por montar uma empresa unipessoal para vender as imagens.

Desde que a situação pandémica melhorou na Califórnia, que eliminou as restrições a 15 de junho, o ritmo de trabalho da agência acelerou e há agora mais clientes.

Um deles é a Juanita’s Foods, uma marca de comida mexicana que queria tornar-se mais conhecida no mercado aproveitando o feriado do Dia da Independência, que os Estados Unidos comemoram a 4 de julho.

A campanha criada por Luís Marques e o copy writer brasileiro Júlio D’Alfonso, intitulada “Dip-spenser”, tornou-se um sucesso imediato, com destaques online e segmentos na televisão sobre a ideia de marketing.

“Fizemos uma conexão com a covid, sendo que o 4 de julho é a primeira festa nacional em que as pessoas puderam estar juntas sem máscara e a maioria está vacinada”, explicou Luís Marques. Como a situação melhorou, a ideia foi converter os dispensadores de álcoolgel em dispensadores de queijo para nachos.

“Fizemos o trabalho com pouco dinheiro, a pedir favores, e foi um trabalho de equipa muito gratificante”, disse o português.

O escritório da BBDO Worldwide em Los Angeles emprega cerca de 150 pessoas.

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