Pelo menos 200 pessoas foram detidas e sete morreram nas ações violentas que afetam pelo quinto dia consecutivo várias áreas do KwaZulu-Natal e Gauteng, na África do Sul, divulgou hoje a polícia sul-africana.
De acordo com a polícia, pelo menos cinco pessoas morreram em distúrbios armados na Grande Joanesburgo e outras duas no KwaZulu-Natal desde o início das ações violentas na passada quinta-feira.
Pilhagens a lojas e centros comerciais, assaltos, intimidação, confrontos armados com as forças de segurança e veículos incendiados prosseguiram na manhã desta segunda-feira, pelo quinto dia consecutivo, nomeadamente na capital económica Joanesburgo, onde reside a maioria dos emigrantes portugueses.
Médicos de uma clínica hospitalar no bairro de Hillbrow, em Joanesburgo, relataram a entrada de um bebé de seis meses com um tiro na cabeça, um homem esfaqueado até quase à morte, violência entre pacientes hospitalizados e uma tentativa de assalto da clínica por um ‘gang’ local, salientando que “o cenário é de guerra”.
Em Durban, as forças policiais confrontaram na manhã de hoje, com munição real, manifestantes armados na autoestrada N2, segundo a imprensa local.
“Há pilhagens no centro da cidade. Pessoas em áreas do KwaZulu-Natal estão a juntar-se, e a armarem-se com armas de fogo, tacos de golfe e bastões de críquete. As tensões estão ao rubro”, relatou esta manhã uma repórter do portal sul-africano News24 na cidade portuária de Durban.
No norte da cidade de Pietermaritzburg, capital do KwaZulu-Natal, província que faz fronteira com Moçambique, grupos armados montaram operações de segurança à entrada de estabelecimentos comerciais e áreas residenciais, adiantou.
Os incidentes começaram na província oriental KwaZulu-Natal, onde nasceu o antigo chefe de Estado sul-africano Jacob Zuma, após este ter sido detido na sua residência, em Nkandla, na quarta-feira à noite pelas forças de segurança, para cumprir uma pena de prisão de 15 meses por desrespeito a uma ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país.
Na sexta-feira, os distúrbios alastraram-se a várias áreas de Joanesburgo, a maior cidade do país, na província de Gauteng, onde se situa também a capital da África do Sul, Pretória, e onde se localizam vários albergues dos Zulus, o maior grupo étnico do país.
O líder do principal partido na oposição na África do Sul, o Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), John Steenhuisen, instou hoje o Governo a destacar as Forças Armadas para colocar fim à atual onda de violência e “pilhagens gratuitas” no país.
O líder da oposição sul-africana criticou a “relutância” do Presidente Cyril Ramaphosa em “agir decisivamente” para resolver a “guerra interna” no Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês), o partido no poder na África do Sul desde 1994.
“O que estamos a constatar agora da parte das forças de segurança é uma resposta frenética e descoordenada à violência, em oposição a uma abordagem focada com base em serviços de informações”, referiu.