O país que somos

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Uma reflexão sobre o país que somos.

Os últimos 25 anos foram de longe os que mais negativamente marcaram o nosso país: foi uma geração que ainda está por ser avaliada, mas que vai ficar para a história como a pior de sempre.

Não me refiro aos que nasceram neste período, mas sim a todos aqueles, que com raras exceções tiveram responsabilidades governativas no estado da calamidade social, em que Portugal se encontra.

Não estão isentos de culpa quem durante todos estes anos os legitimou no poder, com a entrega incondicional do seu voto, porque independentemente da crise que penalizou as economias ocidentais, Portugal teve todas as condições para ter saído dela como nenhum outro país, pois o que recebemos da comunidade e o que contribuímos, é quase 300% a nosso favor.

Foram mais de 9 milhões de euros diários que durante 25 anos entraram no nosso país, gastos em alguns projetos de arrojada megalomania e risco, como autoestradas e estádios de futebol, em que alguns casos se tornaram em manifesta inutilidade, e não se fez um único investimento a pensar nas gerações futuras, e no Portugal a curto prazo.

É inacreditável, que não obstante este rio de dinheiro a desaguar em Portugal desde a adesão à comunidade europeia, que os últimos governos tenham contraído uma dívida pública de 269.8 mil milhões de euros (dados de Janeiro de 2021), condenando as próximas gerações à pobreza e ao subdesenvolvimento.

É preciso reconhecermos que a situação é tão dramática, que se Portugal não fizesse parte da União europeia, não existiam meios para vacinar a população.

Os jovens portugueses, não devem sentir-se culpados pela caótica situação em que o país se encontra, em que muitas das suas famílias foram severamente afetadas: eles são as principais vítimas, e a curto prazo só os espera a tragédia da emigração.

Com uma pequena exceção de 15% da classe média que dentro de pouco tempo poderá deixar de existir, os portugueses deixaram-se levar durante anos, por promessas que despudoradamente os empurraram para o empobrecimento coletivo.

Os portugueses têm que começar a compreender que a vida não é fácil em toda a Europa, e que Portugal tem que refrear o recurso à dívida para manter privilégios que os povos ricos da Europa não têm:basta olhar para o nosso parque automóvel, para compreendermos o rumo errado que o nosso país tomou nos últimos anos, que nos pode conduzir a uma situação igual à Venezuela ou Cuba.

Os erros pagam-se por quem os comete, e muito especificamente por aqueles que os deixaram cometer, porque são estes últimos e as gerações futuras, que vão pagar a pesada fatura até ao resto das suas vidas.

O nosso país tinha começado a “mexer um pouco” em 2019, mas é insuficiente para o relançar no caminho da prosperidade, do desenvolvimento e da inovação.

Já se compreendeu que o Estado português não está em condições de desempenhar o papel de motor de arranque,  para a grande mudança que tem que ser feita para não ficarmos no fundo da Europa. É preciso apoiar as empresas privadas para o poderem assumir, dando-lhe apoios necessários para as poderem transformar mais produtivas e com menos custos. Só assim será possível, os trabalhadores poderem ser beneficiados a nível de salários.

A aposta em ordenados baixos, foi sempre um retrocesso em qualquer economia, uma prática que só beneficia uma pequena parte da população, (as classes média alta que está em vias de extinção, e particularmente a classe politica)  que se auto nivelaram pela média europeia, sendo a esmagadora maioria dos portugueses condenados ao empobrecimento. É que, só com salários equilibrados é que se pode gerar riqueza, e criar rotatividade económica através do poder de consumo, que também reverterá em mais impostos para o Estado.

Foi neste contexto, que a confiança nas atuais instituições políticas foi seriamente abalada ao longo dos últimos anos: Portugal tinha há 25 anos 5 classes sociais, e neste momento está reduzido a apenas três com um dado novo, a pobreza caiu impiedosamente sobre os mais vulneráveis e carenciados, que são as nossas crianças, os jovens e os idosos.

A dívida pública está a inibir o desenvolvimento do nosso país, e terá que ser colocada seriamente em debate onde se apresentam três opções: o perdão de parte da dívida como aconteceu há alguns anos com a Grécia, negociar alongamentos do prazo para suavizar o impacto na nossa economia, ou declarar a incapacidade de a podermos pagar.

Se for considerada a última opção, a torneira europeia será imediatamente fechada, e daqui por um ano Portugal estará numa situação dramática, devastado pela fome e insegurança, porque não haverá dinheiro para pagar as magras reformas, e importar alguns bens de consumo de necessidade primária, as opções estão a ficar fechadas para os portugueses, que recusam determinantemente os caminhos da Venezuela.

Hoje sabemos que a dívida pública não serviu para desenvolver o país, e colocou os portugueses em risco elevado de empobrecimento sem retorno.

A última geração (25 anos) foi desperdiçada: se não se perder mais tempo, precisamos de mais duas para devolver a justiça a todos portugueses.

Os últimos caminhos de Portugal, têm sido ajustados à ideologia da aliança parlamentar conhecida  (geringonça), é neste contexto, que só uma mudança poderia responder às aspirações daqueles que ainda amam o seu país e a nossa História, que foi uma das mais brilhantes da Europa e do Mundo.

OBS: Às nossas crianças e jovens e às futuras gerações: a quem a atual vai provavelmente deixar, uma “mão cheia de nada.

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