Portugal “é prioridade” na política externa brasileira

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O ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que Portugal “é uma prioridade” na política externa brasileira, adiantando que na visita de três dias ao país incentivou empresários portugueses a investirem no mercado brasileiro, sobretudo na energia.

“Esta é a primeira visita que eu faço fora do Brasil, como chanceler. […] E o facto de ser a Portugal ainda na vigência da sua presidência portuguesa do Conselho Europeu [chegou no dia 30 a Lisboa,] é muito significativo”, afirmou Carlos França, em entrevista à Lusa.

“Vim colher impressões e agradecer ao Governo português o apoio que deu ao acordo Mercosul – União Europeia, hoje em análise pelo Conselho Europeu e Parlamento Europeu”, acrescentou.

Mas “a grande novidade” que o ministro considera levar desta visita é o facto de que Portugal e Brasil “estão a reforçar” os seus laços.

“A política externa do Presidente Jair Bolsonaro não começou comigo e não terminará comigo. Como eu disse no meu discurso de posse, a política externa é uma linha de continuidade, que tem 200 anos, e que a cada geração cabe aos diplomatas atualizar. Nessa atualização, Portugal é para nós uma prioridade”, afirmou o responsável da diplomacia brasileira.

Agradecendo, “a honra de ter sido recebido pelo Presidente da República Portuguesa”, Marcelo Rebelo de Sousa, no primeiro dia da sua estada em Portugal, adiantou, porém, que tinha “uma grande expetativa” relativamente ao encontro que terá hoje, último dia da sua visita, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

“Podemos potencializar aqui as nossas relações bilaterais e reforçar os laços de ação tradicionais”, considerou.

Além dos encontros com o Presidente, com o Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, com o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Francisco Ribeiro Telles, o ministro brasileiro teve também uma reunião com empresários portugueses, a quem falou das mudanças recentes na economia brasileira, incentivando-os a investir no seu país “sobretudo na área de energia”.

“Há duas áreas que se integram na agenda de meio ambiente e na agenda energética, que são o investimento em hidrogénio verde, porque o Brasil é naturalmente adaptado para isso, e também dos biocombustíveis avançados, que poderão ser utilizados para a aviação”, referiu o ministro.

Neste contexto “Portugal, que é um parceiro chave para o Brasil na Europa e tem sido um grande apoiante das posições brasileiras. É mais do que isso, tem sido um parceiro concreto, não só nos investimentos portugueses lá, mas, por exemplo, na parceria com a Embraer, empresa brasileira presente em Évora, no desenvolvimento conjunto de aeronaves, que são um sucesso”, realçou.

Quanto a África, disse que “sem dúvida” é uma outra aposta da política externa brasileira, sobretudo Moçambique e Angola.

“Dos primeiros contactos que eu fiz foi com a chanceler de Moçambique e tenho contacto também com o chanceler de Angola”, referiu, acrescentando que pretende, durante a sua deslocação a Luanda para a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), de que o Brasil é Estado-membro, “fazer contactos também com o Governo local”.

Já em relação a Moçambique, destacou a cooperação, salientando que o Brasil quer que este país “seja, junto com o Paraguai” dos primeiros a receberem doses de vacinas contra a covid-19 da Fiocruz [Fundação Osvaldo Cruz]”, produzidas no Brasil com tecnologia de outras origens.

“E estamos muito interessados também em cooperar com Moçambique na questão de Cabo Delgado”, realçou, “através de treinos, de assistência técnica e controle por exemplo do Marítimo”.

“Entendo que a Marinha brasileira pode contribuir ali no fortalecimento, contribuir, porque a decisão e o controle é todo moçambicano. Mas penso que o Brasil pode cooperar”, disse, referindo-se aos ataques naquela província moçambicana.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 732.000 deslocados, de acordo com a ONU.

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