É este o pensamento de todos os portugueses, que tiveram que partir em busca de uma vida mais digna, e de um futuro mais promissor para os seus descendentes, deixando sempre em aberto a esperança de um dia, ainda que longínquo, poderem regressar à terra lusitana que os viu nascer.
O povo português foi sempre sonhador e aventureiro como prova a sua história, mas também sedentário, onde o regresso às origens foi sempre uma constante, que começou há 606 anos (com a tomada de Ceuta em 1415), quando Portugal teve que deixar tropas e civis nos territórios que ocupava, registando ainda hoje mas por motivos diferentes, uma das mais elevadas taxas de emigração.
A pobreza tem sido a causa mãe, dos grandes fluxos emigratórios dos portugueses, que penalizaram o nosso crescimento demográfico sem o qual, Portugal nunca teria chegado tão longe na globalização como chegou.
Mas reconhecemos também, que somos um povo de contradições: pacientes mas pouco unidos nas horas difíceis, (os últimos 111 anos da nossa história falam por si), o que constitui um obstáculo à nossa realização pessoal e coletiva, porque não reagimos aos sacrifícios impostos por quem acreditámos que seriam os melhores, para encontrar as soluções para as nossa aspirações; estando estas muito longe de terem sido correspondidas, não obstante terem existido todas as condições, mas que não foram aproveitadas como outros países o fizeram, a Irlanda é um exemplo.
Portugal é um país com uma frágil economia, um fator que nos arrastou para uma pobreza prolongada. A nossa recuperação dependerá sempre da conjuntura internacional, e de uma resposta enérgica por parte de todos os portugueses, o que não se tem verificado.
O país sofreu nos últimos anos uma grande quebra produtiva, por conseguinte, esvaziou na emigração muitos dos cérebros que nos vão deixado mais pobres e debilitados, para podermos inverter o estigma da pobreza, que nos deixou fortemente dependentes do exterior, dificultando a nossa recuperação económica que é a única autoestrada, para recuperarmos o atraso a todos os níveis, que está na origem do nosso empobrecimento.
Os últimos anos foram todos eles, repletos de acontecimentos negativos para os portugueses, o que lhes reserva todo o direito, de colocarem em dúvida os autores das promessas que lhes foram feitas e que nunca foram cumpridas.
Portugal adquiriu em tempos o estatuto de país de grandes Navegadores, e os portugueses de corajosos guardiões da sua independência, mas neste momento atravessam uma crise de “rumo coletivo”; com a política económica do país, a ser ajustada à ideologia de quem governa.
Os olhos do Mundo estão postos em Portugal porque não compreendem, o porquê dos portugueses, deixarem cair em poucos anos a sua Nação sem reagirem.
No passado enfrentámos ocupações e guerras impostas, e lutámos nos cinco continentes, mas atualmente assumimos uma posição “dócil” para com aqueles, que contribuíram mesmo que em alguns casos involuntariamente para nossa derrocada coletiva, o que constitui a maior falta de coragem desde a “Fundação do Reino”, uma realidade que as futuras gerações com toda a certeza, nunca nos vão perdoar.
A língua portuguesa é a quinta mais falada em todo o mundo, sendo das primeiras com a maior cobertura global, onde é ensinada em todos os cantos do planeta, mais concretamente em 175 países, o que vem dar consistência à nossa universalidade.
Nunca será de mais realçar, o legado cultural e patrimonial que nos deixaram os “grandes do nosso passado” e que os portugueses de hoje não conseguem preservar.
Portugal deu um grande contributo ao Mundo, na divulgação de valores que ainda hoje representam as pedras basilares da civilização Ocidental, aquela que foi a maior das seis Nações que globalizaram o Planeta, em contradição hoje já pouco resta, com que a possamos identificar.

Brasão de armas da dinastia de Avis
A diáspora portuguesa teve início com a conquista de Ceuta por D João I em 1415, que por ironia é o único território que foi português durante 225 anos, que ainda ostenta na sua bandeira os símbolos de Portugal e também da Cidade de Lisboa, precisamente o brasão de armas da dinastia de Avis, que foi fundada pelo Rei que esteve ao comando da tomada de Ceuta, e da bandeira de Lisboa a capital de Portugal.
Hoje 10 de Junho de 2021 feriado Nacional, comemorativo do Dia de Camões e das Comunidades, deve ser de (união e reflexão de todos os portugueses), para que todos juntos possamos salvaguardar alguns valores da nossa história que nos são tão carismáticos, mas que nos estão a escapar sem que nos apercebamos: vamos fazê-lo em nome das futuras gerações, para que tenham um grande orgulho em terem nascido portugueses.

Bandeira de Ceuta
À memória de D. Afonso Henriques, D. João I (que deu o início à nossa expansão além-mar, com a conquista de Ceuta), D. Nuno Álvares Pereira, D. João II, Infante D. Henrique, D. Manuel I, D. João IV, Vasco da Gama, Pedro Alvares Cabral, D. João VI (que teve a coragem de levar a Corte para o Brasil para salvar o Império), Bartolomeu Dias, e Luís de Camões que melhor que ninguém, escreveu o povo que somos, e todos aqueles que a nossa história vem esquecendo, e que fizeram de Portugal uma Grande Nação é a eles e aos nossos emigrantes, que o 10 de Junho de 2021 deve ser dedicado.
Joaquim Vitorino
Ex-emigrante no Reino unido