Um novo painel de azulejos na rua mais portuguesa de Newark, nos Estados Unidos é a homenagem da comunidade portuguesa a Amália Rodrigues para manter viva e difundir a memória da fadista.
O painel de azulejos, criado pelo artista plástico local Fernando Silva para assinalar o centenário do nascimento da Amália Rodrigues (1920–2020), foi inaugurado, no sábado, em Newark, com a presença da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, o cônsul-geral de Portugal em Newark e representantes de grupos locais e clubes recreativos.
A responsável pela secção cultural ProVerbo do Sport Club Português, um clube recreativo também centenário de Newark, Glória Melo lembrou, em entrevista à Lusa, os tempos em que partilhou experiências na comunidade luso-americana com Amália Rodrigues.
“É muito importante, porque a Amália, no final da vida, vinha aqui muitas vezes e gostava muito da nossa comunidade”, disse Glória Melo sobre o painel de azulejos tradicionais.
O painel encontra-se numa esquina da avenida Portugal, em frente à igreja de Nossa Senhora de Fátima, numa zona de muitos restaurantes e comércio.
“Tínhamos os restaurantes onde se cantava fado e ela, quando já não cantava fado em Portugal, de vez em quando cantava aqui” continuou Glória Melo, que dedicou um poema à voz mais conhecida do fado, género musical declarado Património Imaterial da Humanidade em 2011.
Antiga chefe de relações públicas da TAP para a América do Norte durante 40 anos, Glória Melo disse à Lusa que “um dos objetivos da Amália era que não se deixasse de cantar e não se esquecesse o fado, e envolver os jovens no fado”, garantindo que isso está a acontecer na comunidade luso-americana.
O Sport Club Português, uma associação cultural e recreativa centenária, agraciado com a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, promove um concurso anual de fado, já com cinco edições.
“Aqui, temos muito bons fadistas aqui na comunidade”, garantiu Glória Melo.
A cidade da região metropolitana de Nova Iorque viveu, ao longo do dia, momentos comemorativos em diversos locais, para assinalar antecipadamente o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em 10 de junho.
Em visita aos Estados Unidos, a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes,, destacou a forma como os emigrantes portugueses, os luso-americanos e lusodescendentes mantêm vivas as tradições e fortalecem uma “cultura universal”.
“A Amália e o fado, que é hoje reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade, é bem um símbolo de uma música que soube juntar o povo e as elites, que soube passar as fronteiras. É isso tudo que é Portugal. É isso tudo o que é a cultura portuguesa”, declarou, nas cerimónias oficiais do Dia de Portugal e do hastear da bandeira, que se seguiu à inauguração do painel de azulejos.
“Embora seja uma cultura bem enraizada naquele canto pequenino e nas ilhas dos Açores e da Madeira, naquele Portugal à beira-mar plantado”, a cultura portuguesa é, para a secretária de Estado, “uma cultura que também se soube impor a nível mundial de várias formas”.