O ensino da língua portuguesa marcha por “bom caminho” na Venezuela, sendo uma “grande oportunidade para investir nele”, disse hoje a professora de Português como Língua Estrangeira, Lúcia Mascarenhas.
“Daquilo que tenho visto, lido, dos números que tenho, a Venezuela está num ótimo caminho. Tem havido projetos, imensas iniciativas nos últimos anos e o número de alunos está a aumentar, já não são apenas os lusodescendentes, mas venezuelanos que não têm qualquer ligação de herança familiar com o português que estão a querer aprender”, disse à agência Lusa.
Durante dois dias, Lúcia Mascarenhas participou como convidada nas VIII Jornadas para Professores de Língua Portuguesa na Venezuela, um evento virtual que abordou as principais características da educação plurilingue e intercultural, potencialidades, conteúdos históricos e culturais, recursos e estratégias didáticas para o ensino da história e cultura.
“A Venezuela está num bom caminho e é uma excelente altura e uma grande oportunidade para investirmos nisso e para darmos a estes professores fantásticos e tão esforçados as ferramentas de que eles precisam”, afirmou.
Lúcia Mascarenhas explicou que “esperava uma recetividade menor”, mas encontrou “um entusiasmo muito grande, uma grande motivação”.
“Os professores estão ávidos de receber apoio, alternativas, (…) e acabei por mudar a minha formação de um dia para o outro, para poder dar de facto recursos até gratuitos, facilmente acessíveis, para os poder ajudar nisso”, referiu.
A docente explicou que os professores locais procuram um conhecimento mais atual, “perceber como é hoje Portugal, o que se passa, que tipo de conteúdos podem transmitir aos alunos”.
“Encontrei professores extremamente motivados, (…) um interesse profundo, um empenho enorme em fazer o seu trabalho da melhor forma possível. Fiquei muito contente e muito surpreendida”, frisou.
Segundo Lúcia Mascarenhas, “a Internet é o melhor dos recursos”, mas é possível obter um apoio maior através do centro de língua local.
“É muito importante haver uma sinergia, uma comunicação entre os professores de cá e os lá. Mais jornadas, mais iniciativas deste género, porque os professores querem ter formação, mas não totalmente teórica que depois na prática não lhes dá resposta, estão à procura de algo que transporte a cultura atual para a Venezuela”, notou.
Explicou que pode ser também “uma forma de a língua portuguesa, e de Portugal, ganhar uma nova imagem, mais jovem, mais atualizada” através dos novos alunos e que “Portugal é tradição, mas é muito mais do que isso, é tradição e modernidade”.
“Espero que os novos alunos possam conhecer e absorver esta nova modernidade que Portugal tem. Somos um país de empreendedores, temos projetos interessantíssimos, artistas fabulosos”, salientou.
Por outro lado, fez questão em dar os parabéns aos participantes nas jornadas pelo “excelente trabalho” que estão a fazer.
“Fiquei com vontade de falar mais, de os conhecer melhor. Parabéns, continuem o vosso trabalho, e vamos juntar forças, unir mais ainda a Venezuela e Portugal, e usar a língua portuguesa. Gosto muito de ver como as comunidades mantêm e alimentam a língua e a cultura portuguesa”, concluiu.
Lúcia Mascarenhas, 37 anos, nasceu em Lisboa e vive perto de Mafra. Tem uma licenciatura na FCSH – Universidade Nova de Lisboa em LLM – variante de estudos portugueses e alemães em 2005 e um mestrado em Ensino do Português como Língua Segunda e Estrangeira (2009)
Desde 2005 colabora com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, com a Bolsa Fernão Mendes Pinto. Desde 2007 trabalha como tutora dos cursos ‘online’ de Português para Estrangeiros.
Colabora com a Porto Editora como autora/coautora de diversos projetos entre eles o Cultura e História de Portugal, vol. 1 (2013).