Uma análise ao futuro da inteligência artificial nos negócios prevê grandes mudanças na relação com o consumidor e nos processos de contratação e de produção de serviços nas empresas. Este é o resultado de um estudo realizado por investigadores do Iscte Business School que vai ser apresentado hoje e amanhã na 1ª. edição da conferência “48 Horas de Business Analytics”. O impacto dos dados na saúde, na deteção de fraude ou no turismo serão outros dos temas debatidos.
São muitas as grandes empresas internacionais que já utilizam agentes de Inteligência Artificial – IA materializados em chatbots e robots para as auxiliar a melhorar a interação com os seus clientes e ajudar nos processos de recrutamento, acelerando-os em 90%. Estas são algumas das conclusões sobre a evolução do IA nos negócios publicado no Journal of Business Research, em novembro, por investigadores da Iscte Business School – Sandra Loureiro e João Guerreiro – e da Universidade de Surrey – Iis Tussyadiah.
“As empresas estão à procura de alternativas, através da IA, para responderem ao grande fluxo de candidaturas que recebem online”, afirma João Guerreiro, professor no Iscte e um dos autores do estudo, citado em comunicado. “O recurso a serviços de IA surge com o objetivo de ajudar as chefias na tomada de decisão, ao avaliarem objetivamente as caraterísticas profissionais e pessoais dos candidatos a um emprego e redirecionando-os para as áreas que mais se adequam ao seu perfil” pode ler-se também..
Segundo o estudo, o rendimento dos trabalhadores também está a sofrer alterações e a tornar-se mais produtivo devido à IA. Empresas do setor automóvel já estão a usar peças de engenharia eletromecânica, como exosqueletos, para ajudar os trabalhadores a serem mais rápidos e eficientes em tarefas que exigem uma repetição sucessiva.
“Estes sistemas inteligentes estão a revolucionar a indústria de transformação e a torná-la mais competitiva no mercado global”, afirma um dos autores que acrescenta que “embora haja muitos critérios legais e éticos que ainda precisam de ser alvo de regulação, a IA poderá ajudar as empresas não só a melhorar os seus processos operacionais e de recrutamento, mas também a criar novas formas de comunicação com os seus clientes”.
Segundo João Guerreiro, os consumidores irão adotar num futuro próximo tecnologias de IA como forma de reduzir o tempo que dedicam às tarefas de aquisição de serviços online – por exemplo fazendo pedidos de compras online de forma expedita através de smart devices como a Alexa ou Google Home. “No entanto, há ainda grandes questões que precisam de ser alvo de uma reflexão sobre o papel que a IA irá ter no mercado de trabalho, nomeadamente no que toca às relações de trabalho Humano-IA e aos desafios que este tipo de agentes podem colocar à sociedade” refere.
48 Horas de Business Analytics no Iscte
As conclusões desta investigação sobre o futuro da IA nos negócios será discutida por João Guerreiro na 1ª. edição da conferência “48 Horas de Business Analytics”, organizada por estudantes da Iscte Business School. A iniciativa irá ser emitida online e pretende mostrar, precisamente, como o crescimento dos dados está a influenciar o tecido empresarial na criação de novas oportunidades de negócio.
“A área de Analytics tem tido um crescimento fulminante e as empresas precisam de se preparar para as potencialidades deste setor de forma a conseguirem diferenciar-se”, sublinha Carolina Ferreira, estudante do mestrado em Business Analytics do Iscte e uma das organizadoras da conferência. “Serão apresentados casos de empresas e organizações que usaram os dados para adaptarem os seus serviços, o que resultou em novas redes de produção” diz.