As décadas de 60 e 70, foram anos de ouro para a investigação do Espaço e do Cosmos, em que um grupo de Astrónomos saídos recentemente das Universidades, deixaram as suas marcas em feitos e também algumas desilusões.
Liderados pelo mais jovem Astrónomo da época Allan Sandage, e dispondo de um novíssimo telescópio de 500 centímetros em Monte Palomar Pasadena-Califórnia, que foi na época o centro das atenções mundiais da Astronomia, da Astrofísica e da Cosmologia.
Foram mais de 30 anos de êxitos e frustrações, numa reciclagem frequente de cérebros, retirados ao melhor que as Universidades produziam naquele tempo. Não é suficiente esta página para deixar o meu tributo a todos eles mas vou expressar a minha admiração pela única mulher, que sobressaiu no meio daqueles que mais contribuíram para o conhecimento nestes apaixonados campos da Astronomia, Cosmologia e Astrofísica.
Beatrice Muriel Hill Tinsley, nasceu em Chester Reino Unido a 27 de janeiro de 1941, tendo abandonado o seu país ainda criança para emigrar para a Nova Zelândia, onde estudou até seguir para os EUA, para ir completar a sua formação na área da Cosmologia e Astronomia.
Beatrice casou com um americano de apelido Tinsley, um Astrofísico de quem se divorciou pouco tempo depois, para se dedicar inteiramente à investigação, juntando-se a um grupo restrito que estava no topo em busca das origens do Universo; que em simultâneo culminava com a corrida ao espaço protagonizada por americanos e russos; em que estes foram os primeiros a orbitar o espaço, e os americanos colocaram o primeiro homem na Lua a 20 de julho de 1969.
Tive a felicidade de poder acompanhar todo o processo, que mais tarde colocaria o primeiro humano na superfície da Lua, porque estava a trabalhar no Reino Unido onde a imprensa local dedicava horas de emissão diária ao grande acontecimento.
Aliás, foi precisamente de onde 20 anos antes tinha saído a Astrónoma mais famosa do Século XX Beatrice Tinsley, que ainda muito jovem já liderava um grupo de investigadores, entre eles estavam Jim Gunn e David Schramm, que afirmava que o Universo podia ser lido na microfísica do seu primeiro segundo. Sabemos hoje, que David se aproximava da realidade.
Este fantástico grupo de Astrónomos, tiveram o privilégio de penetrar pela primeira vez no Universo profundo; numa viagem fantástica até ao Big Bang, onde provavelmente tudo começou e também terá um fim; não obstante que a teoria da expansão do Universo, esteja a ganhar consistência.
Beatrice Tansley foi a primeira mulher Astrónoma que deu um grande contributo para o conhecimento da Astronomia e da Cosmologia, a quem deixo aqui expressa a minha homenagem. Faleceu em a 23 de março de 1981 com 40 anos de idade vítima de cancro.
Esta brilhante investigadora deixou marcas positivas pelo trabalho que fez, e o seu grupo deu-lhe continuidade para o Homem encontrar à sua disposição todos os meios, necessários à sobrevivência da nossa espécie em busca de algo mais que nos esteja predestinado.
2021 seria o ano para o Telescópio SKA ( Square Kilometer Array ) entrar em atividade, mas a epidemia atrasou a data prevista. No entanto, a data continua marcada para muito breve, e assim que esteja operacional tudo será diferente, pois a capacidade deste “Varredor do Cosmos” será superior a todos os outros no seu conjunto.
Portugal uma Nação de Navegadores, está desde o início neste arrojado projeto, através de três Universidades só que desta vez iremos muito mais longe. O SKA vai dar-nos a verdadeira idade do Universo, numa odisseia cósmica, que nos levará ao primeiro milésimo de segundo do tempo; quem sabe até às portas da Eternidade de onde provavelmente, este Universo deu um salto para o tempo.
Joaquim Vitorino
Astrónomo Amador