Com sol de primavera, a época balnear arrancou este sábado na praia de Carcavelos, em Cascais, onde os banhistas começaram a ocupar o areal, com o distanciamento entre grupos devido à pandemia, contando com o olhar atento dos nadadores-salvadores.
Ao início da tarde de sábado, esta praia do concelho de Cascais, no distrito de Lisboa, estava com a bandeira verde, os termómetros marcavam 22 graus celsius, o céu estava parcialmente limpo e o mar calmo. O areal estava preenchido, mas longe de ficar sobrelotado. O paredão sempre movimentado, com pessoas a circular em direção ao mar e outras a fazer exercício físico, das quais muitas sem cumprir o uso obrigatório de máscara.
“Menos gente do que costuma quando está mais sol, mas noto que as pessoas estão até bastante afastadas, o que é bom”, afirmou Sofia Rodrigues, moradora do concelho de Cascais.
Interrompida pela reportagem da agência Lusa durante uma caminhada no paredão junto à praia de Carcavelos, cumprindo o uso obrigatório de máscara, a cascalense manifestou-se a favor das regras para a época balnear deste ano, inclusive a aplicação de coimas por incumprimento das medidas de prevenção da covid-19.
“Acho que as pessoas se desleixaram agora um bocadinho mais, ainda por cima já com as vacinas e tudo, mas espero, sinceramente, que ainda tenham isso em conta, que a pandemia existe e continuamos a ter de respeitar as regras”, disse Sofia Rodrigues.
Apoiando a decisão da Câmara Municipal de Cascais de iniciar a época balnear este sábado, primeiro dia oficialmente permitido para tal, a moradora referiu que as pessoas começam a ir à praia com o bom tempo e, assim, “ao menos têm a segurança do nadador-salvador”.
A Lusa tentou falar com os nadadores-salvadores para saber como estava a correr o primeiro dia da época balnear, mas estes não estavam autorizados a falar. Também os responsáveis de bares junto à praia preferiram não se pronunciar, até porque estavam num período de maior procura, com o serviço de refeições.
Com as toalhas estendidas no areal e já a apanhar sol de biquíni, Maria Oppermann e outras três amigas, todas estudantes estrangeiras de um programa de intercâmbio, desde setembro de 2020, contaram que esta é a primeira ida à praia em Portugal.
“Não há muita gente na praia, há muito espaço entre as pessoas e muita gente está com máscara. Sinto muita segurança”, declarou Maria Oppermann, indicando que, no seu país, Alemanha, só existe uma praia mais pequena e “o Mar Báltico não é tão giro como aqui”.
A viver na região de Lisboa há cerca de 10 anos, o italiano Alessandra Mansueto foi também um dos banhistas a ocupar o areal da praia de Carcavelos, acompanhado de uma amiga, com o objetivo de “passar algumas horas, para descontrair depois deste período de pandemia”, referindo-se ao confinamento geral.
Para este banhista, é importante o processo de desconfinamento, de “sair pouco a pouco”, para se “voltar a viver”, mas sem esquecer que o vírus ainda existe.
“Com distanciamento e com todas as medidas, acho que as pessoas podem participar na vida social, também ir à praia”, considerou Alessandra Mansueto, destacando o distanciamento físico que se verifica entre os grupos de pessoas que ocupam o areal.
“Ainda estamos no início da época, portanto não sei dizer como vai ser daqui a uma semana, se calhar depois vai ficar muito cheio”, apontou o banhista, manifestando dúvidas quanto à aplicação de coimas por incumprimento das medidas sanitárias nas praias.
Alessandra Mansueto referiu que “também no ano passado deviam ser aplicadas coimas”, nomeadamente por incumprimento dos horários, mas “não foi feito nada”.
A carregar a geleira com comida e bebidas, Érica Oliveira chega à praia acompanhada da filha de 2 anos. Decidiu deslocar-se de Sintra para Carcavelos, porque a criança “estava desesperada para sair, para vir à praia”.
“Acabei de chegar, mas a distância, pelo menos, pelo que estou a observar, estão a cumprir direitinho e estão a entrar e sair de máscara”, indicou a banhista, concordando com a aplicação de coimas, por considerar que “as pessoas só levam a sério quando dói no bolso”.
Também acompanhado de duas crianças, o filho e um amigo, João Garcia decidiu aproveitar o primeiro dia da época balnear em Cascais. “O tempo não está mau, está um bocadinho de vento, mas para os miúdos nunca está vento, é uma maravilha para eles andar ali na água”, realçou.
Concordando com as medidas previstas devido à covid-19, o banhista considerou que “as coimas ainda são leves demais para certas pessoas, com os atos que praticam, porque há que respeitar os outros”.
“A pandemia não é nenhuma brincadeira, apesar da maior parte das pessoas não ligar muito a isso na fase em que estamos, porque pensam, pelo facto de as vacinas, que a pandemia passou, mas a pandemia não passou”, defendeu.
Nos acessos à praia de Carcavelos estão cartazes com todas as regras devido à covid-19, inclusive uso obrigatório de máscara, distância física de 2 metros e proibição de aglomerações.
A Autoridade Marítima Nacional explicou que a fiscalização das praias se vai pautar pela sensibilização para o cumprimento das medidas de prevenção da covid-19, indicando que as coimas por incumprimento só podem ser aplicadas após publicação do diploma.
Questionado pela agência Lusa, o Ministério do Ambiente confirmou que as coimas vão variar entre os 50 e os 100 euros, no caso de pessoas singulares, e entre os 500 e os 1.000 euros no caso de pessoas coletivas.
“O valor das coimas é o mesmo para todos os incumprimentos”, acrescenta a tutela.
A época balnear 2021 pode decorrer oficialmente até 15 de outubro, segundo uma portaria publicada na sexta-feira em Diário da República, tendo a maioria dos municípios optado por a iniciar em 12 de junho.
Independentemente da data oficial assumida por cada município, as câmaras municipais podem começar mesmo a época balnear, a partir de agora, “desde que garantam a segurança a banhistas”. É o caso de Cascais, que anunciou que iria começar este sábado, apesar de ter definido 29 de maio, como data oficial.