A perda de peregrinos e de receitas em 2020 levou o Santuário de Fátima a reinventar-se para continuar a levar a sua mensagem ao mundo. Num ano marcado pela pandemia, o número de crentes que acompanharam as cerimónias nos canais digitais foi praticamente igual ao dos que puderam estar presencialmente no Santuário.
Em 2020 houve 1.403.197 peregrinos que conseguiram participar presencialmente em 4.384 celebrações no Santuário de Fátima.
Num ano marcado pela pandemia, um número similar de crentes acompanhou as cerimónias religiosas nos canais digitais facebook e youtube, “os quais o Santuário se viu desafiado a promover para levar Fátima junto dos que não puderam fazer a sua peregrinação devido à pandemia”, refere um comunicado do Santuário.
O facebook do Santuário de Fátima tem agora 1.247.822 seguidores, mais 247.822 que no início da pandemia, e no youtube, canal onde se registou a subida mais significativa, o Santuário tem 192 mil subscritores, mais 127 mil que no início do ano de 2020.
“Em comum estes números – de peregrinos presenciais e peregrinos virtuais – têm a língua falada: na sua esmagadora maioria são portugueses ou falantes de língua portuguesa os que visitaram o Santuário em 2020 e os que mais o seguem nas redes sociais, com particular destaque para o Brasil”, revela.
“O ano de 2020 foi um ano diferente, marcado pela estranheza da situação de pandemia e pelos desafios de procurar caminhos de contacto com os peregrinos” afirma o reitor que qualifica os “números das estatísticas” como “reveladores do dramatismo da situação”. Este ano “diferente foi ainda um tempo para encontrar formas de tornar segura a visita ao Santuário” refere o padre Carlos Cabecinhas.
“2020 não foi apenas um ano diferente e estranho: foi um ano difícil”, sublinha ainda o reitor destacando as dificuldades concretas: “Difícil porque nos confrontou com a necessidade de fechar espaços vocacionados para acolher, para receber, para estarem abertos; difícil porque tivemos de celebrar pela primeira vez o 12 e 13 de maio sem presença física de peregrinos e o 12 e 13 de outubro apenas com 6 mil peregrinos no amplo recinto de oração; difícil ainda a nível económico, pois este lugar depende da presença e da generosidade de quem nos visita”.
Os números de um “ano dramático”
Em 2020, a quebra nos donativos situou-se nos 49,15%. Fátima esteve quase três meses sem peregrinos, de 14 de março a 30 de maio. Celebrou a Quaresma, a Semana Santa e a Páscoa sem a presença de fiéis.
Entre janeiro e 13 de março, dia em que foram suspensas as celebrações com a presença de peregrinos, o Santuário registou a presença de 341.537 participantes, em 1450 celebrações. Abril foi o pior mês na história do Santuário com 444 participantes nas 119 celebrações sem assembleia, que apenas contaram com os intervenientes na liturgia: leitores, cantores e acólitos, número total de participantes.
Entre 30 de maio e 30 de setembro 851.985 peregrinos participaram nas 1.788 celebrações na Cova da Iria. Agosto foi o mês com mais peregrinos em 2020: participaram, nas 448 celebrações, 383.293 peregrinos, quase todos portugueses ou da diáspora portuguesa.
A Capelinha continua a ser o coração do Santuário, com a presença de 519.756 peregrinos, nas 1.771 celebrações ali realizadas. A basílica da Santíssima Trindade e o Recinto de Oração são os dois lugares mais procurados, a seguir à Capelinha. As 1.398 celebrações acolheram nestes dois locais 774.351 peregrinos.
Já os espaços museológicos do Santuário registaram 224.483 visitantes. As duas exposições temporárias – ‘Vestida de Branco: Exposição temporária sobre a primeira Imagem de Nossa Senhora de Fátima’ e ‘Os Rostos de Fátima: fisionomias de uma paisagem espiritual”’-, registaram 83.157 visitas. As casas dos santos Francisco e Jacinta Marto, e de Lúcia de Jesus, 127.765 visitantes, apesar destes espaços de memória terem estado encerrados entre 14 de março e 19 de maio.
Ana Grácio Pinto