A Universidade de Évora criou um centro de rastreio de contactos dos doentes com Covid-19 e para acompanhamento telefónico dos infetados. E conta com a colaboração de quase 50 alunos da academia.
A Universidade de Évora (UÉ) revelou num comunicado que este “centro de rastreio de contactos” começou a funcionar no fim de semana de 23 e 24 de janeiro, em reposta a um pedido da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo. Tratou-se de uma resposta “em tempo recorde”, destacou a universidade alentejana que lembrou que, “desde a primeira hora”, tem estado “disponível para colaborar com as autoridades de saúde”.
Neste espaço, estudantes das licenciaturas em Enfermagem e em Psicologia, em regime de voluntariado, “acompanham diariamente, através de chamada telefónica”, pessoas na região infetadas pelo novo coronavírus por SARS-CoV-2 e outras que se encontram em isolamento profilático.
“São 46 os estudantes que estão já a contribuir para reforçar tanto a monitorização dos contactos dos doentes de covid-19, como o acompanhamento telefónico a estes doentes, em isolamento nas suas casas”, adiantou a universidade.
A informação recolhida pelos voluntários é, depois, registada na plataforma digital da ARS Alentejo, para que esta entidade possa responder “de forma célere e direcionada” às diferentes necessidades e situações relatadas.
Para a diretora da Escola Superior de Enfermagem de S. João de Deus, da UÉ, Felismina Mendes, este reforço na vigilância epidemiológica é fundamental, porque permite “um acompanhamento mais eficaz por parte das autoridades de saúde” e, sobretudo, é “muito importante para que as pessoas não se sintam sozinhas e desacompanhadas”.
Alunos geram relação de empatia
Felismina Mendes destacou ainda a recetividade dos alunos para participarem nesta ação, com formação ministrada pela ARS Alentejo, e, assim, “poderem ajudar neste momento delicado”.
Os voluntários são preferencialmente da área da Saúde e devem ter “boa capacidade de comunicação”, salientou o médico Pedro Ferreira, especialista em Saúde Pública na ARS Alentejo.
Desta forma, indicou o clínico, que faz parte do Departamento de Saúde Pública e Planeamento da ARS, os estudantes podem “estabelecer uma relação empática” com os contactos e os doentes, e são capazes de “transmitir de forma clara um conjunto de recomendações simples, mas essenciais”.
Quanto ao isolamento profilático, “deve garantir-se o mais precocemente possível para se conseguir cortar as cadeias de transmissão”.
Pedro Ferreira assinalou que “foi a situação registada nas últimas semanas no Alentejo Central que levou as Autoridades de Saúde a recorrerem a colaborações externas para aumentar a sua força de trabalho”.
Bruno Marques, no 2.º ano da licenciatura em Enfermagem, é um dos 46 alunos que, em turnos de quatro horas, estão no outro lado da linha telefónica, no âmbito deste projeto, ao qual se juntou porque “o país precisa de todos”, para “ser útil e aprender mais”.
“Na maioria dos casos, as pessoas ficam satisfeitas porque percebem que não estão sós e mostram muita gratidão quando nos ouvem”, referiu.