A comercialização de vinhos e espumantes da região da Bairrada registou, em 2020, uma quebra na ordem dos 30% por causa da pandemia da covid-19, disse hoje à agência Lusa o presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB).
Segundo Pedro Soares, os produtores sentiram um “impacto muito forte por ser uma região que tem uma presença muito grande no canal HORECA (Hotéis, restaurantes e cafés), que esteve [e volta a estar] fechado”.
“Vamos sentir novamente muito este novo confinamento, que terá um impacto fortíssimo, embora exista alguma transferência de vendas para o ‘online’ e para a grande distribuição”, salientou o dirigente.
Ainda com as contas de 2020 por fechar, o presidente da CVB antecipou à agência Lusa que as quebras nas vendas se situam na casa dos 30%, embora se tenha assistido a um crescimento para novos mercados.
Os espumantes, de acordo com Pedro Soares, sofreram uma quebra mais acentuada, na ordem dos 35%, “porque ao longo do ano não houve casamentos, batizados, eventos, passagem de ano e já não houve Páscoa”.
“Acreditamos que os produtores vão conseguir dar a volta, porque a maior parte destes produtos não são perecíveis. O grande problema será de tesouraria, não tanto o futuro em termos de região e de produtos”, salientou.
A CVB, que agrega cerca de 120 produtores associados, produziu em 2020 cerca de 6,5 milhões de garrafas, menos 2,8 milhões relativamente a 2019.
Pedro Soares considera que 2021 vai ser um “ano difícil”, mas realça que “os produtores já deram várias vezes provas de que são capazes de resistir às mudanças”.
“Acreditamos que vai existir uma transferência de alguma atividade para o ‘online’, que já se nota, e para a grande distribuição, o que vai permitir encarar com confiança os próximos tempos”, frisa.
A aposta na exportação é também uma forma de contornar as quebras no setor, segundo o presidente da CVB, que destaca o crescimento do consumo de vinhos portugueses em alguns mercados, como é o caso do Brasil, em que a venda dos produtos vinícolas da Bairrada cresceu 5%.
“Num ano em que todos os números vieram para trás, ter esta performance no Brasil é muito bom”, sublinha Pedro Soares.
O presidente da associação pretende ainda diversificar o mercado, para não estar tão dependente do canal HORECA português, “que está muito relacionado com o turismo, setor que vai sofrer ainda muito, embora se acredite que vai crescer no segundo semestre deste ano”.
Sediada em Anadia, a CVB representa a produção e o comércio do setor vitivinícola da região situada entre Coimbra e Aveiro, sendo responsável pela certificação dos vinhos produzidos na região e pela proteção da Denominação de Origem Bairrada e Indicação Geográfica Protegida Beira Atlântico.