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Cultura

O fado de Alfama, entre a solidão e a entreajuda

14 Janeiro, 2021 Cultura
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O fado de Alfama, entre a solidão e a entreajuda

Alfama, símbolo de bairrismo e festa, também pode ser sinónimo de solidão. Etelvina e Gertrudes, de 82 e 83 anos, são exemplo disso, como tantos outros idosos, mas há quem recuse deixá-los sozinhos, mantendo a tradição da boa vizinhança.
Há 13 anos, Etelvina (ou Bina, como prefere ser tratada) perdeu repentinamente a visão. Hoje, aos 82, vive sozinha com o gato. “Foi à noite”, começa por contar. “Estava a ver televisão e a vista começou a ficar turva. Eu metia os óculos para um lado e para outro, mas nada”.
Dois médicos e vários exames depois, soube que tinha um problema na mácula, uma pequena parte da retina. Disseram-lhe que com três injeções estaria curada, o que não se verificou: “Já apanhei 18 e cada vez vejo menos”.
Viver assim é “um desespero e um desgosto”, até porque, além de não conseguir ver, não consegue andar. “Quero andar, mas desequilibro-me muito! E não vejo a cara das pessoas… Para mim é tudo escuro”, desabafa Bina, que também deixou de cozinhar. Opta por telefonar e encomendar refeições ao restaurante perto de casa.
Além da filha e do genro, que a visitam rapidamente uma vez por semana, Etelvina tem dois netos, de 30 e 35 anos. Apesar do contacto estritamente telefónico, quando fala deles o semblante muda. Esboça um sorriso de orelha a orelha e apressa-se a ir buscar fotografias. Uma delas – a sua preferida – mostra os três sentados à mesa de um restaurante. “Esta foi no dia dos anos do meu neto”, recorda.
Bina vive em Alfama, no centro de Lisboa, desde que nasceu, mas apenas se mudou para a casa onde vive atualmente há 11. Agora, depois de o marido morrer, passa os dias sozinha com o gato e ouve “a telefonia”, que se mantém como barulho de fundo constante. Questionada se por vezes se sente sozinha, reage instantaneamente: “Às vezes?! Sempre! Não está aqui ninguém [na praça onde habita]. Foi-se tudo embora… Nem estrangeiros nem portugueses”.
Etelvina sente-se sozinha e desacompanhada. “À noite, antes das 03:30/04:00, não durmo… Não há um vizinho para conversar, não há nada. Acabo por ficar sozinha e por isso dou a volta à minha vida várias vezes ao dia”, confessa, com tristeza.
Também Gertrudes, de 83 anos, tem tempo para pensar na vida. Devido à coluna e aos joelhos (e uma operação que deixou mazelas permanentes), a dor e o desconforto são constantes.
Sempre que abre a porta de casa é acompanhada por Branquinho, fiel companheiro de quatro patas. O objetivo é proteger a dona, reflexo do assalto que ocorreu há pouco tempo.
Gertrudes cuidava das flores à porta quando foi abordada por um homem que lhe disse ser filho de uma amiga. Primeiro pediu-lhe um copo de água, mas acabou por entrar em casa e foi diretamente à gaveta que continha o “ouro de uma vida”.
Está habituada a viver sozinha – depois de perder o marido, há 33 anos, mudou-se para Alfama. Pouco tempo depois de se instalar, travou uma amizade especial. “Estava ali a Lurdes e tinha aqui a mercearia”, conta, referindo-se à vizinha da frente. “Comecei a dar-me bem com ela. Todos os dias batia à porta e vinha ver se estava bem”. Porém, Lurdes deixou o bairro há dois anos, depois de o marido morrer.
Viúva e apenas com dois sobrinhos, Gertrudes sente falta da companhia. “Quando ganhava muito dinheiro era muito boa tia”, recorda. Hoje não telefonam, já passaram meses desde a última vez que falaram.
Cinge-se a ver televisão e a alimentar pombos. “Só tenho 270 euros de reforma… Não é nada, mas a ele [o cão] não lhe falta nada. Tem carninha e biscoitos”, afirma.
Maria de Lurdes e Manuela são duas das pessoas que tentam mudar a realidade da solidão no bairro.
A presidente da Associação do Património e População de Alfama, Maria de Lurdes Pinheiro, foi presidente da Junta de Freguesia de Alfama até à fusão destas autarquias. Foi durante o seu mandato que conheceu e sinalizou, por iniciativa própria, os idosos mais isolados.
Regularmente percorre as ruas do bairro e toca à porta daqueles que sabe que mais precisam de companhia. Sabe – um por um – o nome dos idosos, os seus problemas e a sua história de vida. No seu entender, os mais velhos não são devidamente acompanhados.
Para contrapor a solidão e incentivar a solidariedade, na opinião da presidente da APPA, era importante que existisse uma repovoação dos prédios desabitados.
“Se há velhotes a viver sozinhos em prédios, antes de mais devia existir mais gente a viver no prédio. A repovoação do bairro era fundamental”, afirma, dando eco ao problema da gentrificação.
A atual Junta de Freguesia de Santa Maria Maior leva a acabo a sinalização daqueles que estão sós através da equipa social e de mediadores comunitários. De acordo com o presidente, Miguel Coelho, existe “apoio direto com a alimentação através do projeto Mesa dos Afetos”, no qual é levada comida a casa das pessoas. Além disso, há assistência domiciliária.
Apesar das iniciativas e da sinalização (feita pela rede de vizinhança, contacto direto e/ou por parte de outras coletividades), Miguel Coelho reconhece que há casos que ficam por detetar. “Temos uma boa rede de cobertura, mas não garanto que seja uma cobertura a 100%”, afirma.
Maria de Lurdes Pinheiro diz que o fator que dificulta a sinalização a 100% é a dimensão das Juntas de Freguesia: “Hoje as juntas são muito grandes, com muita gente. E o trabalho de proximidade perdeu-se porque as pessoas ficam só como números”.
Algumas das situações que ainda não foram detetadas pela Junta já o foram por Manuela. Gere uma mercearia no bairro há 49 anos. Os seus dias são atarefados e passados entre clientes e a distribuição de refeições aos mais carenciados.
Os idosos, sozinhos e com medo de sair à rua principalmente em fase pandémica, recorrem ao telefone. Ligam a Manuela e deixam o recado.
“As pessoas que vivem aqui são pessoas – algumas – que têm carências. São idosos, pessoas que precisam de ser ajudadas… Uma manda-me à farmácia, outra manda-me ao pão…”, explica.
Para a bairrista assumida, Alfama ainda mantém a sua essência, opondo-se a outros bairros lisboetas, porque “no bom e no mau” há sempre alguém presente: “Hoje alguns clientes que eu tenho aqui não são meus clientes. São meus amigos! Porque nunca me voltaram as costas. E isto faz com que o bairro não esteja ainda tão degradado”.
Semanalmente, Manuela visita pelo menos seis idosas e leva-lhes as compras e itens que pediram por telefone. Para si, é necessária “entreajuda para superar esta vida” – esta, diz, é a definição de sentir e viver Alfama.

 

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