Burocracia impede regresso do comboio privado de Mário Ferreira à linha do Tua

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Pode estar comprometida a implementação do plano de Mobilidade do Tua, a principal medida compensatória pela construção da barragem de Foz-Tua, por parte da EDP.

Isto porque o empresário Mário Ferreira, da Douro Azul, operadora a quem foi concessionado o sistema da Mobilidade do Tua, que prevê o regresso do comboio à linha ferroviária, terá manifestado aos autarcas da região que está cansado de tanta morosidade na obtenção de todos os licenciamentos por parte dos organismos públicos e não coloca de parte a possibilidade de desistir do processo.

Apesar de nenhuma das partes confirmar ou desmentir estes rumores, a verdade é que os cinco municípios que integram a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT) já pediram uma reunião urgente ao operador.

O Plano de Mobilidade do Vale do Tua espera, há cerca de quatro anos, para receber luz verde para ser implementado e é ilustrativo da complexidade burocrática dos processos, envolvendo, neste caso, entidades regionais e nacionais, públicas e privadas, desde a CP, Infraestruturas de Portugal (IP), Instituto da Mobilidade Terrestre, a ADRVT que integra os Municípios abrangidos (Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alijó e Murça) e a EDP.

Há cerca de meio ano que já foram concluídas as obras de estabilização dos taludes e reabilitação da linha centenária, entre Brunheda e Mirandela, no valor de 5,6 milhões de euros, investidos pela Agência que resultaram de vistorias e avaliações feitas à linha e que obrigaram à realização destas obras.

A IP já realizou a inspeção a esta ultima intervenção, mas sugeriu algumas correções na obra que já foram efetuadas, aguardando-se pela inspeção final.

Perante esta morosidade, Mário Ferreira, operador a quem foi entregue a concessão da mobilidade no Tua, terá manifestado aos autarcas que está cansado.

Júlia Rodrigues, a autarca de Mirandela que preside à ADRVT, não confirma nem desmente esta versão, mas espera que o acordo que existe seja cumprido. “Existe um acordo firmado, existe também a vontade e o trabalho conjunto entre as várias entidades e também o operador que tem vindo a proceder aos procedimentos legais que tem que fazer para a certificação como operador. Garantimos que mantemos essa confiança e estamos em crer que se vai manter este processo”, refere.

Ainda assim, a autarca não esconde a preocupação com toda esta morosidade. “Estamos preocupados pela burocracia e pelo envolvimento de várias entidades e, portanto, apelamos a todos os envolvidos para que isto seja uma realidade.”

A autarca confirma que foi solicitada ao operador uma reunião com caráter de urgência.

Júlia Rodrigues revela que está em fase final de negociação, “a cedência pela empresa Metro de Mirandela de duas automotoras para recuperação, que serão afetas ao processo de mobilidade quotidiana” e que “a CP está em incumprimento com a ADRVT, já que desde janeiro de 2015, que não paga o valor anual de 320 mil euros pela reabilitação e manutenção da linha, fixado num acordo assinado entre as partes, ascendendo o valor da dívida a perto de dois milhões de euros.

Até ao momento já foram investidos cerca de 16 milhões de euros em obras, infraestruturas e equipamento.

 

Em causa está a principal contrapartida pela construção da barragem de Foz-Tua, que já está em funcionamento, e que deixou submersos 23 km da linha férrea centenária do Tua e suspendeu a circulação nos restantes 36 km onde o comboio devia regressar.

O sistema de mobilidade prevê um trajeto composto pelos percursos que estabelecem a ligação entre a Estação Ferroviária do Tua e Mirandela, combinando o troço rodoviário entre o Tua e a Barragem, num percurso de cerca de 4 km, efetuado em autocarro.

Há depois o troço fluvial de 19 km, entre o cais da Barragem e o cais de Brunheda, onde já está atracado, há mais de dois anos, o barco rabelo. Finalmente, o troço ferroviário de 36 km, entre Brunheda e a estação de Mirandela, onde já está, desde agosto de 2017, o comboio adquirido pelo operador.

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