A Universidade do Algarve (UAlg) vai participar num projeto internacional que visa mostrar o património cultural mediterrânico da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), recorrendo à realidade virtual e aumentada. O objetivo é criar visitas guiadas através de uma plataforma interativa, no território dos seis países mediterrâneos parceiros do projeto: Portugal, Espanha, Itália, Egito, Jordânia e Líbano.
O ‘iHERITAGE’ envolve 10 parceiros desses seis países mediterrânicos, é cofinanciado em 3.469.510 euros pelo Programa da Bacia do Mar Mediterrâneo ENI CBC da União Europeia e terá uma duração estimada de 30 meses, decorrendo até 2023.
Em Portugal, o projeto está integrado no Centro de Investigação em Turismo, Sustentabilidade e Bem-Estar (CinTurs) da UAlg e apresenta-se como “uma oportunidade para a cultura e o turismo”.
“Através da introdução de novas tecnologias e de experiências virtuais, pretende-se contribuir para a afirmação e melhor conhecimento da realidade mediterrânica da região, introduzindo inovação nas narrativas tradicionais, envolvendo empresas, investigação e a comunidade”, explica uma nota divulgada pela universidade algarvia.
Para Alexandra Gonçalves, docente da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da UAlg, esta será uma oportunidade para a cultura e para o turismo do Algarve, que através da introdução de novas tecnologias e de experiências virtuais esperam conseguir uma maior afirmação da identidade mediterrânica da região, introduzindo inovação nas narrativas tradicionais, envolvendo as empresas, a investigação e a comunidade neste processo.
O património mediterrânico “como nunca o vimos
A nota da UAlg sublinha ainda que com esta plataforma será criado o primeiro ‘Registo do Património Cultural Imaterial da Bacia do Mediterrâneo’, que no caso do Algarve inclui a Dieta Mediterrânica.
Prevê a produção de guias de áudio-vídeo “que darão acesso a reconstruções 3D, cross media acessíveis em PC, smartphone, tablet e óculos AR”. “Mais de 70 produtos inovadores serão cocriados, protótipados, testados e comercializados dentro dos Living Labs que integram o projeto”, revela.
O projeto surgiu na Sicília, Itália, num momento em que o mundo da cultura e do turismo vivem uma profunda crise devido à emergência sanitária, e foi idealizado por Lucio Tambuzzo, membro da Associação dos Castelos da região da Sicília.
“O ‘iHERITAGE’ vai mostrar-nos o património mediterrâneo da UNESCO como nunca o vimos”, afirmou o seu criador do projeto. Segundo Lucio Tambuzzo, “dezenas de novas soluções tecnológicas abrirão caminho para uma relação democrática e sem precedentes com as tradições orais, o património cultural e a arqueologia, revelando formas, contextos e conteúdos que de outra forma seriam invisíveis e reservados apenas para iniciados”.
“O projeto também apoiará a indústria criativa e start-ups inovadoras em seis países mediterrânicos, graças a financiamentos destinados a criar novos conteúdos aumentados e virtuais nos nossos principais setores: cultura e turismo”, destaca.
Após a inscrição do Fado na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade em 2011, a Dieta Mediterrânica foi o segundo elemento português inscrito nesta lista da UNESCO, em 2013.
Ana Grácio Pinto