Patriarca de Lisboa refere-se ao padre Cruz como figura inspiradora da nova evangelização

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O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, referiu-se ao padre Cruz como figura inspiradora da nova evangelização, destacando a “especial oportunidade do seu processo de canonização”.

“O padre Cruz soube manifestar o Evangelho na diocese e no país inteiro com essa mesma atenção prioritária que foi a de Cristo e a nova evangelização quer retomar. Não poderíamos encontrar figura mais inspiradora, daqui a especial oportunidade do seu processo de canonização”, afirmou Manuel Clemente.

O cardeal falava na sessão de encerramento do processo diocesano para a causa de beatificação de Francisco Rodrigues da Cruz, popularmente conhecido como padre Cruz, que hoje decorreu na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa, onde começou por agradecer “a todos os que colaboraram com tanta prontidão e eficácia para levarem por diante este trabalho que faltava”.

“Conseguiu-se, finalmente e bem, o que há tanto tempo esperávamos”, declarou, destacando depois a “oportunidade deste processo, em termos de evangelização e até de nova evangelização”.

Manuel Clemente explicou que foi o Papa João Paulo II (1920-2005) que usou o termo nova evangelização, “alertando para a necessidade de transmitir, com um novo ardor e métodos renovados, a mensagem evangélica em espaços onde ela andava esquecida ou amortecida”.

Notando que “desde o século XIX que tal era sentido em Portugal por alguns cristãos mais lúcidos e ativos”, o cardeal observou que estes insistiam “em saídas missionárias para mais longe ou para mais perto, mas claramente configuradas com o modo como Jesus procedera”.

“E foi muito especialmente o padre Cruz a protagonizar tal proposta em várias décadas ardentes”, observou.

Manuel Clemente adiantou que o Papa Francisco, que hoje celebra 84 anos, “faz incidir a nova evangelização sobretudo na resposta a todo o tipo de pobreza, retomando o sentido original que o próprio Cristo lhe deu”.

“Assim o definiu no documento programático do seu pontificado”, referiu, repetindo palavras de Francisco segundo as quais “a nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas, dos pobres, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja”.

“A opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se principalmente numa solicitude religiosa, privilegiada e prioritária”, disse o cardeal-patriarca ao citar o papa, para acrescentar que “estas palavras imediatamente” evocam a figura do padre Cruz, que “as encarnou de modo exemplar”, no púlpito, na administração dos sacramentos, nas prisões ou nos hospitais.

“O termo nova evangelização é muito posterior, mas o que ele significa agora já podia significa então”, admitiu Manuel Clemente, certo de que “a canonização e, para já, a maior divulgação da sua vida e presença intercessora”, vão “impelir no rumo certo e inadiável”.

Na sessão, o vice-postulador da Causa de Canonização do Padre Cruz, o sacerdote Dário Pedroso, pediu a Manuel Clemente, ao núncio apostólico em Portugal, Ivo Scapolo, e ao presidente da Conferência Episcopal e também bispo de Setúbal, José Ornelas, que estiveram presentes, para que ajudem “a dar a conhecer ao papa este grande santo”.

Já o provincial da Companhia de Jesus em Portugal, padre Miguel Almeida, disse esperar que “ocorra rapidamente a canonização oficial daquele que o povo já há muito tempo canonizou”.

Francisco Rodrigues da Cruz, popularmente conhecido como padre Cruz, era natural da vila de Alcochete (Setúbal), onde nasceu em 29 de julho de 1859.

Apesar da frágil saúde que o acompanhou desde cedo, e ao longo da sua vida, o padre Cruz concluiu os estudos secundários e seguiu para Coimbra, onde se formou em Teologia na Universidade de Coimbra em 1880, sendo ordenado sacerdote em 1882.

Entrou para a Companhia de Jesus em 03 de dezembro de 1940.

Segundo o Secretariado da Causa de Beatificação e Canonização do Padre Cruz, a característica dominante de toda a ação sacerdotal do padre Cruz foi o apostolado, uma vida de peregrinação, de norte a sul do país, Açores e Madeira, tendo sido também peregrino de Fátima.

Morreu aos 89 anos, em 01 de outubro de 1948, e foi sepultado no jazigo dos jesuítas no cemitério de Benfica, em Lisboa.

O processo de canonização do padre Cruz teve início em 10 de março de 1951 e a fase diocesana decorreu até 18 setembro de 1965 – data em que foi entregue na Sagrada Congregação para a Causa dos Santos Cópia Pública dos três processos (Virtudes, ‘non culto’ e Escritos).

Segundo o Patriarcado de Lisboa, sendo necessário completar aquele processo com os elementos requeridos pelas novas normas para a instrução dos processos de canonização, incluindo uma Comissão de Peritos em História, em 12 de setembro de 2009, o então cardeal-patriarca José Policarpo nomeou um novo Tribunal e Comissão Histórica.

Entre março e maio de 2011 foram ouvidos os testemunhos sobre as virtudes heroicas do padre Cruz e a Comissão Histórica – esta já nomeada em 11 dezembro de 2018 por Manuel Clemente – entregou, no dia 01 de outubro de 2019, os documentos e a sua análise crítica.

A documentação será, entretanto, entregue à Congregação para as Causas dos Santos, em Roma.

 

 

 

 

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