Um grupo de cidadãos de Torre de Moncorvo interpôs uma ação no Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela contra o município e Ministério da Cultura, para que o busto de Campos Monteiro volte a figurar em lugar de destaque.
Os signatários da ação pedem a impugnação da ordem de serviço emitida pelo presidente da Câmara de Torre de Moncorvo (Bragança) que determinou que a Divisão de Obras, Serviços Urbanos e Ambiente promovesse os procedimentos necessários à retirada do conjunto escultórico do Dr. Campos Monteiro e de promover a sua conservação, manutenção e o restauro para, oportunamente, “voltar a ser colocado em lugar de merecido destaque”, mas fê-lo sem parecer prévio e vinculativo da Direção Regional de Cultura do Norte, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
“A impugnação do projeto baseia-se no arranjo urbanístico do Largo do Castelo, que contém a proposta de relocalização do busto de Campos Monteiro sem parecer prévio e vinculativo da Direção Regional de Cultura do Norte”, disse à Lusa o porta-voz do grupo de cidadãos, José Mário Leite.
O busto em causa encontra-se no mesmo largo, mas foi deslocado “cerca de 1,5 metros para a frente para ganhar nova visibilidade”, em julho deste ano, segundo o presidente da Câmara, Nuno Gonçalves.
“O objetivo da deslocação do busto foi dar uma nova visibilidade e centralidade ao conjunto escultórico, após a parecer positivo da Direção Geral do Património Cultural. O processo de colocação do conjunto escultórico de Campos Monteiro decorreu durante as obras de regeneração urbana do Largo Campos Monteiro e do centro histórico, que custaram perto de meio milhão de euros”, concretizou Nuno Gonçalves.
A ação deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela no dia 21 de outubro.
O signatário garante que o pretendido pelo grupo de cidadãos é “que o conjunto escultórico seja recolocado no local que sempre lhe esteve adstrito”, ou seja, no centro do Largo Dr. Campos Monteiro, “assumindo a forma que tinha aquando da sua colocação no ano de 1938, antes das intervenções levadas a cabo pelo Município de Torre de Moncorvo”.
O grupo de cidadãos pede que a autarquia e o Ministério da Cultura sejam condenados ao pagamento a uma coima a ser entregue a uma instituição de solidariedade social a ser indicada pelos autores da ação.
Em resposta à Lusa, o presidente da autarquia disse que tem conhecimento do processo, acrescentando que esta ação foi interposta por cidadãos que não residem em Torre de Moncorvo, com exceção de uma só pessoa.
“A Câmara Municipal aguarda serenamente pela decisão do TAF de Mirandela, sendo certo que não temos a menor dúvida de que a obra executada está ao gosto dos moncorvenses residentes no concelho. Muitos falam sem conhecer o resultado do trabalho desenvolvido, por isso estamos serenos e tranquilos”, vincou Nuno Gonçalves.
A Lusa contactou o Ministério da Cultura, mas não obteve uma resposta até ao momento.
Abílio Adriano de Campos Monteiro nasceu em Torre de Moncorvo, em 1876, e morreu em São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, distrito do Porto, em 1933.
Ao longo dos seus 67 anos, Campos Monteiro foi médico, escritor, jornalista e político português.