No âmbito do apoio a instituições de assistência social na África do Sul, o Governo português realizou uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), através da qual atribuiu este ano uma verba de 60 mil euros a quatro instituições portuguesas naquele país, cabendo 15 mil euros a cada entidade, anunciou secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.
“Da avaliação que foi feita, foram identificados três lares geriátricos e a Escola Lusito como aquelas que estariam com mais necessidade de apoio e que foram priorizadas para a parceria com a Misericórdia”, explicou Berta Nunes, que iniciou hoje uma visita àquele país africano.
A governante, que falava aos jornalistas na Associação Lusito, em Joanesburgo, destacou que essa parceria tem vários aspetos, “um deles é um apoio para fazer obras, por exemplo aqui (Lusito) será uma sala de relaxamento e sensorial (…) esse apoio vai continuar além de que também essa parceria, nós queremos com a capacitação de pessoas, troca de experiências e aquilo que também aqui as pessoas das instituições forem dizendo o que são as suas necessidades”.
Berta Nunes referiu ainda que “outro apoio que já está no terreno, mas que não tem sido muito aproveitado pelas associações”, tem a ver com o concurso anual para apoio ao movimento associativo, no valor global de 600 mil euros, e que “tem vindo a crescer”, frisou a governante no início da visita de quatro dias àquele país para avaliar as dificuldades da comunidade portuguesa local residente em Pretória, Joanesburgo e Cidade do Cabo.
“As candidaturas estão abertas, é de outubro a dezembro e os consulados têm sempre de receber essas candidaturas, dar um parecer e esses apoios são dados de acordo com o mérito”, sublinhou Berta Nunes, acrescentando que “podem ser projetos na área social, do português, da cultura, do combate à exclusão social, participação cívica, em muitos outros”.
“As informações estão todas no Portal das Comunidades e todos os anos nós temos apoiado dezenas de associações com mais de meio milhão de euros, é um apoio que aqui na África do Sul não tem sido muito aproveitado e que também queremos sensibilizar as associações”, declarou.
Embaixada terá um adido social em 2021
A secretária de Estado das Comunidades revelou ainda que o Governo português vai colocar um adido social na África do Sul em meados do próximo ano para ajudar os portugueses em situação de carência no país, anunciou hoje na capital sul-africana a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.
“Posso dizer-lhe que farei tudo para que seja o mais depressa possível, embora só no próximo ano é que temos essa possibilidade por questões de organização dos adidos sociais. Iremos deixar de ter um na Europa e passaremos a ter aqui um na África do Sul”, disse.
Avançou ainda que o Governo está a ajudar com um apoio extraordinário cerca de 50 portugueses em situação de carência devido à pandemia de Covid-19, sendo que, em Joanesburgo, existem cerca de 24 pessoas beneficiadas.
“Sabemos que aqui na África do Sul é uma comunidade que tem alguns problemas, é uma comunidade envelhecida e que alguns têm mesmo algumas carências, e neste apoio extraordinário que organizamos agora por causa do covid-19, a África do Sul foi o país onde foram identificadas mais pessoas, cerca de 50, e a quem demos um apoio durante três meses pelo menos até ver se este impacto do covid-19 melhora”, salientou.
De acordo com Berta Nunes, estes emigrantes foram identificados pela rede consular portuguesa, que efetuou o levantamento das necessidades da comunidade portuguesa, em articulação com as associações no terreno.
Questionada sobre a atual situação de elevada criminalidade no país, Berta Nunes disse que o Governo está a acompanhar “com preocupação” a violência exercida sobre emigrantes portugueses.
Berta Nunes é acompanhada pela diretora de Ação Social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Maria da Luz Cabral.
Estima-se que residam na África do Sul cerca de 450 mil portugueses e lusodescendentes.