O Rancho de Cantadores de Paris lançou a 20 de novembro o digibook ‘Alentejo Ensemble’, para celebrar o sexto aniversário da elevação do Cante Alentejano a Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Apresentado como um “álbum de introdução ao Cante Alentejano contemporâneo”, foi preparado ao longo de três anos e conta com a participação de 16 artistas e grupos emblemáticos, “demonstrando a pluralidade de uma tradição que vive tanto das referências do passado como do sincretismo cultural e artístico do presente”, apresenta a associação luso-francesa ‘Compagnie des Rêves Lucides’, que produziu o álbum e fará a sua distribuição no estrangeiro. A distribuição portuguesa é assumida pela Compact Records.
Para além das canções, o ‘Alentejo Ensemble’ inclui textos sobre o Cante Alentejano redigidos em português por Carlos Balbino, ensaiador do Rancho Cantadores de Paris, e traduzidos para francês por Marie Odile Thiry-Duarte.
As ilustrações e o desenho gráfico foram elaborados por Anna Turtsina, e as fotografias são de Ana Baião. O álbum contém igualmente os testemunhos dos coordenadores Mariana Cristina (Ceifeiras de Pias) e Filipe Pratas (Ganhões de Castro Verde).
O prefácio é assinado por Salwa El-Shawan Castelo-Branco, professora catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
A produção do digibook ‘Alentejo Ensemble’ teve o apoio da Câmara Municipal de Serpa, Casa do Cante de Serpa, Direção Regional da Cultura do Alentejo, Instituto Camões e Embaixada de Portugal em Paris.
Um grupo de Cantadores único em França
O Rancho de Cantadores de Paris foi formado em 2016 como um projeto experimental da companhia teatral ‘Compagnie des Rêves Lucides’ e apresenta-se como o único em França “a defender e a partilhar a beleza do Cante Alentejano”.
“Cada canção era um convite à partilha, à viagem e à descoberta do outro através do cante polifónico. Somos artistas com diferentes percursos, idades, sexos e nacionalidades: o nosso objetivo agora é de espalhar o Cante Alentejano, a sua força e os seus valores pela sua simples força de sonoridades e melodias”, lê-se na apresentação do grupo no site o site da Compagnie des Rêves Lucides.
O grupo fez a sua estreia em 2016 no ‘Festival des Villes des Musiques du Monde’, na abertura do concerto da fadista Kátia Guerreiro e foi oficializado como ‘Cantadores de Paris’ no concerto com o fadista Ricardo Ribeiro.
Em 2017, o grupo co-produziu e foi o protagonista do filme-documentário ‘Les Chanteurs de Cante de l’Alentejo à Paris’ (Os Cantadores de Cante Alentejano de Paris). Realizado por Tiago Pereira explora a apropriação cultural deste estilo de canto típico do Alentejo, por artistas internacionais na capital francesa.
Com o intuito de preservar este estilo de canto polifónico português, ainda em 2017, a ‘Compagnie des Rêves Lucides’ criou uma escola de Cante Alentejano em Paros, a primeira a ser criada fora de Portugal.
O grupo já atuou em Paris, Montreux, nos Pirinéus e em várias cidades de Île-de-France, na região de Paris.
Ana Grácio Pinto