Longroiva é uma joia preciosa do concelho de Mêda

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Nesta freguesia do concelho de Mêda (distrito da Guarda) foram encontrados vestígios da presença humana desde os tempos do megalitismo até ao período do império romano. Por ali também passaram os árabes. Quem visita Longroiva não deixa de reparar no seu casario branco que se alonga na encosta poente do monte, ao longo de pequenas ruas medievais…

Na sua obra ‘O Concelho da Mêda’, Jorge de Lima Saraiva, diz que o topónimo ‘Longroiva’ indica tratar-se de uma povoação de origem céltica.
Outros autores que avançam ter existido naquele local um povoado lusitano-romano denominado ‘Lancobriga’ (por vezes ‘Langobriga’), apontado como a possível capital dos Turduli Veteres.
Nesta freguesia do concelho de Mêda (distrito da Guarda) foram encontrados vestígios da presença humana desde os tempos do megalitismo até ao período do império romano.
Por ali também passaram os árabes, que arrazaram tudo, excepto a torre de menagem do castelo, até que D. Fernando Magno, no século XI, a foi reconquistar.
Por volta do século II a.C., os romanos ocuparam o referido monte, que já conheceria um certo desenvolvimento por volta do século IV.
O ‘itinerário de Antonino’ refere que, na estrada romana que ligava Olissipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga) encontrava-se Lancobriga, a norte de Talabriga, localizada no Baixo Vouga, e a 13 milhas para sul de Cale (Porto/Gaia). Ainda hoje se podem vislumbrar no lugar de Ferradal restos de pavimento que poderão ser dessa via.
Longroiva foi sede de concelho entre 1120 e 6 de novembro de 1836. Era constituído pelas freguesias de Chãs de Longroiva, Santa Comba, Fonte Longa, Longroiva. Em 1801 tinha 1.583 habitantes. Aquando da extinção, as suas freguesias foram anexadas aos concelhos de Marialva, Meda e Foz Côa.
Em 1145, 21 anos depois da data em que D. Teresa outorgou o 1º foral de Longroiva, esta povoação era doada aos Templários, por D.Fernão Mendes de Bragança, rico-homem, conde e cunhado de D. Afonso Henriques.
A situação de Longroiva tinha então, nas contingências da Reconquista – refere o historiador Doutor Adriano Vasco Rodrigues – uma excelente posição estratégica. Durante um período transitório, devido ao avanço da Reconquista do Norte para Sul, teve Longroiva uma grande importância militar e foi uma base principal para os cavaleiros da Ordem do Templo.
As vicissitudes por que passou a Ordem dos Templários levaram a que, no reinado de D. Dinis, esta Ordem fosse extinta e os seus bens passassem, em Portugal, para a recém-criada Ordem de Cristo.

Por ali passaram romanos e árabes. Quem visita Longroiva não deixa de reparar no seu casario branco que se alonga na encosta poente do monte, ao longo de pequenas ruas medievais...

Testemunhos da passagem dos Templários

Foi na capela da Senhora do Torrão, originariamente um pequeno templo românico, que os Templários deixaram os testemunhos mais expressivos da sua passagem, designadamente a consagração da pequena capela em honra de Santa Maria, S. Nicolau Confessor e outros santos, o que se descobriu em 1977. Outros vestígios se encontram ainda em Longroiva, como sejam uma tampa sepulcral com uma cruz de Cristo esculpida e uma espada, encontradas junto à capela, e uma outra cruz de Cristo no antigo Tribunal e Cadeia.
Na fachada poente da torre de menagem do Castelo de Longroiva encontra-se também, atualmente, uma inscrição latina que, traduzida, diz o seguinte: “Na era de César de 1214 (ou seja no ano de 1176 da era de Cristo) Gualdim, chefe dos cavaleiros portugueses do templo, edificou esta torre com os seus soldados, reinando Afonso, rei de Portugal.”
O Vale da Veiga de Longroiva, junto da ribeira dos Piscos, a uma altitude de 300 metro foi durante mais de dois milénios destinado essencialmente ao pastoreio, mantendo um extenso baldio junto da ribeira.
A partir de meados do século XIX tornou-se uma zona rica de vinhedos e de olivais, após a arrematação ou a ocupação abusiva dos baldios por parte de alguns senhorios. Quase no extremo norte do vale mantém-se ainda um testemunho do aproveitamento agro-pecuário, que a Ordem de Cristo ali fez, conservado no nome da ‘Quinta do Chão de Ordem’.
Quem visita Longroiva não deixa de reparar no seu casario branco que se alonga na encosta poente do monte, ao longo de pequenas ruas medievais que vão confluir no Largo da Praça onde se localiza a antiga Câmara e o pelourinho.
É uma povoação onde se vive tranquilamente e uma preciosa joia do concelho da Mêda.

A não perder:
Castelo: Erguido ao sul do rio Côa, em posição dominante sobre a vila, é um importante testemunho da arquitetura templária na região. No reinado de D. Dinis, com a extinção da ordem do templo, Longroiva é entregue à Ordem de Cristo, posse que se manteve pelo menos até meados do século XVI. No século XIX, a culminar a degradação que se foi apossando da fortificação, o castelo passou a servir como fornecimento de pedra para construção e o interior do castelo foi transformado em cemitério. O que resta do castelo, está classificado como Monumento Nacional, os trabalhos de conservação permitiram que ainda subsistam partes das muralhas e a Torre de Menagem que terá sido uma das primeiras a ser edificada em Portugal.

Igreja Matriz: Também conhecida como Igreja de Santa Maria, é datada do século XVI, em estilo românico.
No seu interior é de admirar a arte sacra, a talha dourada, o trabalho de madeiras, o teto pintado e alguns apontamentos de frescos recuperados, nas paredes.
Sofreu alterações ao longo do tempo, especialmente no século XVII. No corpo da Igreja, outras representam a Virgem e a Cruz da Comenda da Ordem de Cristo. A Igreja possui objetos artísticos de excepcional valor, entre eles uma salva de cobre de Nuremberga, do século XVI, oferecida por D. Manuel I, e uma imagem de Cristo também do mesmo século.

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