A Associação Rota da Bairrada deu os primeiros passos para definir as regras de qualificação e proteção do leitão assado da Bairrada, cujo processo deverá estar concluído dentro de dois anos.
Segundo o presidente da associação, Jorge Sampaio, o processo iniciou-se hoje à tarde, em assembleia-geral, com a discussão dos primeiros três pontos: origem geográfica do leitão e do produto acabado e a raça do animal.
“A equipa técnica propôs que o leitão seja de Portugal continental, que a área geográfica onde pode ser assado corresponda aos oito municípios que integram a região vitivinícola da Bairrada e que o leitão a confecionar seja de raça bísaro ou cruzado de bísaro”, disse o dirigente à agência Lusa.
Caso seja aprovada a proposta da equipa técnica, o leitão certificado da Bairrada só poderá ser degustado nos municípios de Águeda, Anadia, Aveiro, Cantanhede, Coimbra, Mealhada, Oliveira do Bairro e Vagos.
O presidente da Associação Rota da Bairrada explicou que a discussão foi iniciada para que os agentes económicos reflitam sobre as propostas apresentadas e estejam em condições de votar na próxima assembleia-geral, agendada para 12 de janeiro.
“Qualquer processo de certificação é duro. O que estamos a fazer é desenhar um caderno de encargos que passará a ser lei e, portanto, é um processo que tem de ser bem refletido”, sublinhou.
Para Jorge Sampaio, neste processo deve ser tido em conta “a qualidade do produto final que se quer apresentar aos clientes, depois a diferenciação do produto relativamente a produtos semelhantes do resto do país e ser capaz de dar resposta ao mercado e ter a matéria-prima que o mercado exige”.
“Transmiti na reunião que, se abrirmos muito, deixamos de ser diferentes e, se fecharmos quase tudo, deixamos de ter capacidade de resposta ao mercado, pelo que temos de arranjar um meio termo para que sejamos diferentes e haja a diferenciação”, frisou.
Depois de decididas as primeiras três questões relativas ao processo de certificação, seguem-se vários outros pontos de análise, entre eles as características do animal, a forma de confecionar, os ingredientes e a tipologia do forno, além de uma fase de análise sensorial e organolética “que vamos ter de seguir, até para definição bioquímica das próprias características do animal e do produto final”.
“Do equilíbrio destas várias variáveis é que vai surgir o regulamento final”, sentenciou.
O presidente da Associação Rota da Bairrada considera que os agentes económicos estão interessados na certificação “no sentido em que sentem que é a única maneira de defender um produto que é nosso e, por outro lado, é uma forma de valorizar ainda mais o leitão da Bairrada”.
“Este era o primeiro passo, cativar os agentes económicos para pensarem sobre o assunto e começarem a refletir com a noção de que vamos ter de começar a tomar decisões”, referiu Jorge Sampaio.