A partir de amanhã, 15 de novembro, a visita ao Palácio Nacional da Pena contará com uma nova atração: as quatro salas do piso nobre do torreão reabrem com um projeto expositivo e museológico, que visa recuperar a memória histórica daqueles espaços, informa a Parques de Sintra – Monte da Lua.
A empresa pública que gere os monumentos de Sintra revela que foram reconstituídos os aposentos de D. Manuel II, o último rei de Portugal – escritório e quarto de dormir.
Outro motivo de interesse é a sala dedicada a D. Fernando II, onde se expõe uma seleção de peças ilustrativas dos seus interesses enquanto colecionador e artista amador.
E foi também criado um espaço dedicado aos últimos monarcas que habitaram o Palácio: D. Carlos, D. Amélia e D. Manuel II, cujo aniversário de nascimento se comemora amanha, data da reabertura.

D. Manuel II instalou nesta ala do Palácio os seus aposentos
Os aposentos de D. Manuel II
Os trabalhos no Palácio Nacional da Pena incluíram profundas obras de conservação e restauro tanto do património móvel como imóvel, com intervenções nos pavimentos, paredes e tetos.
Iniciados em 2019, tinham a conclusão prevista para o início do verão deste ano, mas a pandemia de Covid-19 levou à interrupção dos trabalhos, que foram agora terminados.
No projeto inicial do Palácio da Pena, estas quatro divisões destinavam-se a D. Fernando II e a D. Maria II, mas não chegaram a ser ocupadas pelo casal devido à morte prematura da rainha, e acabaram por ser adaptadas a quartos de hóspedes. Posteriormente, D. Manuel II instalou nesta ala do Palácio os seus aposentos.
“A investigação desenvolvida a partir de inventários e de fotografias da época permitiu reconstituir o escritório e o quarto de dormir, tendo sido reintegrados vários objetos pertencentes às antigas coleções reais e diversas peças de mobiliário originais”, revela a Parques de Sintra.
Foi o caso da secretária do rei e o seu leito em pau-santo e pau-rosa, que tinha sido transferido em 1939 para o Palácio Nacional da Ajuda, onde permaneceu até ser identificado e restaurado. “Procurou-se deste modo recuperar o ambiente decorativo dos últimos anos da monarquia”, refere a empresa.

A sala dá a conhecer alguns dos tesouros artísticos colecionados por D. Fernando, o rei responsável pela construção do Palácio da Pena
Os tesouros de D. Fernando II
A divisão que funcionou como quarto do perceptor austríaco de D. Manuel II, está agora dedicada a D. Fernando II, o rei responsável pela construção do Palácio da Pena. Pela primeira vez, estão em exposição a espada (sabre) e a banda de uniforme de marechal general com as quais foi retratado pelo pintor francês Joseph Layraud, em 1877.
A sala dá a conhecer alguns dos tesouros artísticos colecionados pelo monarca, que incluem peças de ourivesaria, como uma salva de aparato em prata dourada datada de 1548, adquirida pela Parques de Sintra, além de variada cerâmica, esculturas em marfim e esmaltes de Limoges.
“Procura-se desta forma ilustrar a riqueza e diversidade de uma das principais coleções de arte alguma vez reunidas em Portugal. Conhecido por ‘rei-artista’, D. Fernando II não se limitou a colecionar obras de arte, também foi autor de vários desenhos, gravuras e pinturas sobre cerâmica. O Palácio Nacional da Pena conserva uma parte significativa dessa produção artística, que ficará exposta neste espaço”, revela a Parques de Sintra.
A última sala desta ala do Palácio, que serviu de guarda-roupa no tempo de D. Manuel II, põe a partir de agora em destaque os últimos monarcas que ali viveram – D. Carlos, D. Amélia e D. Manuel II.
O destaque da divisão vai para o imponente centro de mesa em prata oferecido por um grupo de senhoras parisienses à então princesa D. Amélia por ocasião do seu casamento com D. Carlos, em 1886.
Representa uma nau (símbolo da cidade de Paris) suportada por duas sereias alusivas aos rios Sena e Marne e foi legado, após a morte da rainha, ao Palácio Nacional da Pena, tornando-se numa das peças mais emblemáticas do seu acervo. Passou por obras de conservação e restauro e está agora exposto numa vitrina, de forma a que todos os seus detalhes possam ser observados pelos visitantes.
Outras intervenções no Palácio
Os trabalhos que agora terminaram, e permitem um novo olhar sobre as quatro salas do piso nobre do torreão, integram-se no projeto global que vem sendo desenvolvido nos interiores do Palácio Nacional da Pena.
Incluem intervenções recentes noutras nove divisões – Sala de Visitas, Sala Verde, Sala do Telefone, Quarto do Veador, Quarto da Dama de Companhia, Sala do Chá, Átrio da Sacristia, primeira Sala de Passagem e Sala de Entrada.

Esta sala põe a partir de agora em destaque os últimos monarcas que ali viveram – D. Carlos, D. Amélia e D. Manuel II
O objetivo principal é a reconstituição histórica dos ambientes domésticos que marcaram a vivência da Família Real neste monumento e que parte de profunda investigação histórica, apoiada em fontes documentais e em fotografias da época.
Todos os que pretenderem visitar o Palácio Nacional da Pena, bem como os restantes monumentos administrados pela Parques de Sintra, devem ter em conta que nos dois próximos fins de semana (14 e 15 e 21 e 22 de novembro), na sequência das medidas extraordinárias decretadas pelo Governo no âmbito do atual Estado de Emergência, a hora de encerramento ao público será às 13h e a última entrada às 12h.
Os monumentos sob gestão da Parques de Sintra – Monte da Lua são o Parque e Palácio Nacional da Pena, Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz, Chalet da Condessa d’Edla, Castelo dos Mouros, Palácio e Jardins de Monserrate, Convento dos Capuchos e Escola Portuguesa de Arte Equestre.
Em 2019 receberam cerca de 3,7 milhões de visitas, 90% das quais por parte de estrangeiros. A Parques de Sintra recebeu, em 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019, o ‘World Travel Award’ para Melhor Empresa em Conservação.
Ana Grácio Pinto