Criadas no âmbito do projeto ‘EcoBioInks4SmartTextiles’, as novas tintas desenvolvidas no Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho são compostas por materiais naturais, ao contrário das tintas tradicionais que são feitas de produtos químicos. A tecnologia já foi submetida a um pedido de pré-patente com vista à comercialização.
É um projeto inovador, na medida em que vem facilitar o controlo da contrafação na indústria têxtil e de vestuário. O ‘EcoBioInks4SmartTextiles’ visa a produção de bio-tintas florescentes eco-sustentáveis com propriedades inteligentes, capazes de alterar a cor dos têxteis consoante a luz a que está exposta, informa uma nota enviada ao ‘Mundo Português’ pela Universidade do Minho (UMinho).
A investigação resulta de uma parceria entre cientistas do Centro de Engenharia Biológica (CEB) da UMinho com larga experiência na área da biotecnologia e do CeNTI-Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, especializado no desenvolvimento de materiais inteligentes.
“Até ao momento, os resultados conseguidos são bastante promissores, pelo que já se iniciou um pedido pré-patente, visando num futuro próximo a comercialização desta tecnologia”, revela a nota da UMinho.
As bio-tintas florescentes eco-sustentáveis têm características únicas e exclusivas que são difíceis de copiar ou clonar, e, por isso, poderão ser utilizadas como marcadores de anti-contrafação ou impressões de segurança.
De forma mais abrangente, terão também aplicações na produção de têxteis inteligentes, desde vestuário a artigos de decoração, com padrões que se alteram com a luz ambiente. Estes materiais, “altamente inovadores”, vão potenciar o crescimento da biotecnologia “e serão relevantes para várias indústrias, tornando-as mais inteligentes e funcionais”, destaca a UMinho.

Desde 2002, o CEB tem vindo a ser distinguido com o grau ‘Excelência’ nas áreas da Biotecnologia e Bioengenharia. Das 40 spinoffs existentes na UMinho, 15 delas têm origem no CEB
Tintas ‘naturais’
O trabalho dos cientistas do CEB passa pela produção biotecnológica das moléculas e a elaboração de testes de encapsulação. A equipa do CeNTI está focada na aplicação em têxteis, assim como na elaboração de testes de estabilidade em longo prazo, de forma a obter-se um protótipo.
A UMinho destaca ainda que a grande inovação do projeto ‘EcoBioInks4SmartTextiles’ assenta no facto destas tintas serem compostas por materiais naturais, produzidos a partir de microrganismos, ao contrário das tintas tradicionais que são feitas de produtos químicos, a partir de derivados de petróleo.
O CEB da UMinho é um centro de investigação altamente tecnológico que atua nas áreas da Biotecnologia e Bioengenharia, com a atividade concentrada nos setores ambiental, da saúde, industrial e alimentar.
Em atividade desde 1995, colabora em projetos com empresas nacionais e internacionais, sendo que 40% das suas publicações têm coautoria internacional. O Centro tem ainda ao seu dispor um valor de financiamento para projetos na ordem dos 14 milhões de euros.
Desde 2002, o CEB tem vindo a ser distinguido com o grau ‘Excelência’, dando provas da sua atuação nas áreas da Biotecnologia e Bioengenharia. Das 40 spinoffs existentes na UMinho, 15 delas têm origem no CEB.
Fundado em 2006, o CeNTI-Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes – resulta de uma parceria entre as universidades de Aveiro, Minho e Porto e as entidades tecnológicas CITEVE (Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal), o CTIC (Centro Tecnológico das Indústrias do Couro) e o CEIIA (Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel).
Tem atualmente uma equipa de mais de 100 colaboradores e está vocacionado para o desenvolvimento de novos produtos e soluções, tendo por base a nanotecnologia e os materiais funcionais e inteligentes.
Ana Grácio Pinto