Vidigueira vai inaugurar o seu Centro Interpretativo do Vinho de Talha

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O Centro Interpretativo do Vinho de Talha (CIVT) abre ao público na quarta-feira, em Vila de Frades, concelho de Vidigueira, para preservar o património associado à tradição milenar de saber-fazer e para promover o produto.
“O objetivo do centro é preservar e valorizar o saber-fazer vinho de talha para dar continuidade a esta tradição milenar”, que “é uma atividade importante para a economia do concelho”, disse hoje à agência Lusa Rui Raposo, presidente da Câmara de Vidigueira, no distrito de Beja (Alentejo), a promotora do projeto.
Desta forma, o CIVT, que implicou um investimento de 600 mil euros, financiado por fundos comunitários e verbas do município, será “um promotor” do vinho de talha, do património e do tecido económico associados à tradição, como os produtores e as adegas, e do próprio concelho de Vidigueira.
Através deste centro interpretativo, os visitantes ficarão com um conhecimento geral sobre a tradição de fazer vinho de talha, uma prática de vinificação típica do Alentejo, que foi criada há mais de 2.000 anos pelos romanos e que o município quer candidatar a Património da Humanidade.
Segundo a Comissão Vitivinícola Regional do Alentejo (CVRA), em Portugal, “o Alentejo tem sido o grande guardião” do vinho de talha e tem “sabido preservar” esta prática de vinificação em grandes vasilhas de barro, conhecidas como talhas, que foi passada de geração em geração, “de forma quase imutável”.
Não há apenas uma forma de fazer vinho em talhas, já que a produção varia ligeiramente consoante a tradição local, mas, segundo a forma mais clássica, que “pouco mudou em mais de 2.000 anos”, as uvas esmagadas são colocadas dentro de talhas e a fermentação ocorre espontaneamente.
De acordo com a Câmara de Vidigueira, o CIVT é um espaço de interpretação, difusão científica e tecnológica e divulgação do património imaterial associado ao saber-fazer vinho de talha.
O CIVT “surgiu da necessidade de preservar” o “ancestral” saber-fazer vinho de talha, que, “norteado pela simplicidade” dos recursos técnicos usados, manteve-se “vivo” desde a ocupação do território pelos romanos até à atualidade.

O vinho de talha é uma prática de vinificação típica do Alentejo, que foi criada há mais de 2.000 anos pelos romanos e que o município quer candidatar a Património da Humanidade

Um centro interpretativo na ‘capital do vinho de talha’

Durante dois milénios, foi possível manter a tradição de saber-fazer vinho de talha, que “atesta um passado vivo” e está “presente à mesa”, ligado ao cante alentejano, aos petiscos e ao convívio, “perpetuando uma identidade que continua enraizada”, refere a autarquia numa nota.
Instalado num edifício que o município construiu de raiz no centro de Vila de Frades, que se assume como “capital do vinho de talha”, o CIVT pretende transmitir aos visitantes “as memórias, vivências e experiências relacionadas” com o produto e “com as gentes que fizeram chegar a tradição aos dias de hoje”.
O espaço é composto por quatro áreas, nomeadamente o Território, a História Milenar, a Cultura da Vinha, o Processo do Vinho na Adega e a Taberna.
Através das quatro áreas, foi criada uma narrativa cronológica e sequencial, que conta a história do vinho de talha, dos tempos dos romanos à atualidade, e percorre o ciclo produtivo, começando pela cultura da vinha no campo, passando pela produção nas talhas nas adegas e terminando numa taberna, onde será possível provar aquele “néctar dos deuses”, explicou Rui Raposo.
Do espólio do CIVT, o autarca destacou várias talhas e um conjunto de grainhas fossilizadas, que foram encontradas nas ruínas romanas de São Cucufate, situadas no concelho de Vidigueira.
Segundo o município, para aceder à narrativa é usada tecnologia de realidade aumentada, que cria um “layer” digital de conteúdos acessíveis através de ‘tablets’ disponíveis ao longo do percurso, e uma voz-off, acompanhada das animações que surgem sobre as ilustrações, conta a história e fornece informações aos visitantes.
Tal como as qualidades de um vinho, “o centro despertará sentidos”, já que o visitante será “convidado a descobrir cheiros e aromas, os sons da vinha, as paisagens do concelho de Vidigueira, os provérbios e o cante, que, em conjunto, formam a alma do vinho de talha”.
O concelho de Vidigueira é conhecido pela produção artesanal de vinho de talha, que é feita sobretudo na freguesia de Vila de Frades.
Por isso, a Câmara de Vidigueira lidera o processo, que envolve outros municípios e entidades, para candidatura da produção artesanal de vinho de talha a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

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