Um projeto lançado pela Associação das Aldeias Históricas de Portugal está a recuperar o legado gastronómico do território das 12 aldeias.
‘Receitas que Contam Histórias – Gastronomia e Vinhos das Aldeias Históricas de Portugal’ está em curso desde junho desde ano e começou com a recolha de testemunhos junto da população residente, “com o objetivo de identificar as receitas que são a essência do território”, explica uma nota da Associação enviada ao ‘Mundo Português’.
“Uma extraordinária inventariação de conhecimentos ancestrais, saberes tradicionais e técnicas artesanais que agora vai ser perpetuada, mas também promovida junto do sector da restauração e hotelaria local, com harmonização de vinhos da região, de modo a reforçar as Aldeias Históricas de Portugal como um destino turístico verdadeiramente singular e excecional”, apresenta a Associação das Aldeias Históricas de Portugal.
Durante três meses, o trabalho de investigação no território das aldeias históricas – Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso – incidiu junto de vários residentes, na sua maioria idosos, no sentido de revelarem saberes, sabores, métodos de confeção, especificidades, tradições e produtos nativos usados, existentes ou que até se tenham ‘perdido’ no tempo.
Uma informação fundamental para a inventariação do cardápio gastronómico do território e dos métodos de confeção dos respetivos pratos.
“Com este trabalho de investigação, as Aldeias Históricas de Portugal procuram não apenas perpetuar este extraordinário património imaterial, mas igualmente desenvolver ferramentas que permitam a apropriação desta importante cultura gastronómica por parte dos agentes económicos do setor da restauração e da hotelaria, mas também da população da região”, explica a nota da Associação das Aldeias Históricas de Portugal.
Receitas estão a ser recriadas
Depois de terem identificado as receitas com base nas entrevistas realizadas à população das 12 Aldeias Históricas, a fase seguinte, e que decorre agora, centra-se na recriação por parte da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra.
As receitas gastronómicas são ainda harmonização de vinhos da região, através de uma parceria com a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior.
A Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra também será responsável pela realização de workshops e de sessões de formação para os agentes privados do sector da hotelaria e restauração do território das Aldeias Históricas de Portugal.
“Para a Associação das Aldeias Históricas de Portugal, este projeto é extraordinariamente importante para a consolidação do território como destino turístico sustentável de qualidade, associado a experiências turísticas diferenciadoras e inovadoras, assentes na valorização dos recursos naturais e culturais, com capacidade para criar valor e potenciar o ‘saber-fazer’ do capital humano local”, sublinha o presidente da Associação das Aldeias Históricas de Portugal.
António Robalo diz que este projeto abre portas para a inovação rural e inovação no turismo, ambos os domínios integrados na estratégia da Rede das Aldeias Históricas de Portugal. “Uma importante alavanca para a dinamização da economia local e para a promoção da sustentabilidade e inclusão”, conclui.
Já o presidente da Direção da CVR Beira Interior afirma que o desafio de conjugar os pratos com os vinhos da região, foi abraçado “com entusiasmo”.
“Produzidos por mãos experientes, a partir de castas autóctones como as brancas Síria, Arinto ou Fonte Cal, e as tintas Rufete, Trincadeira, Jaen, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Marufo, entre outras, serão, seguramente, fator positivo para a coesão territorial que a Carta Gastronómica das Aldeias Históricas de Portugal pretende alcançar”, destaca Rodolfo Queirós.
As Aldeias Históricas de Portugal são o primeiro destino em rede, à escala mundial, e o primeiro destino nacional a receber a certificação ‘Biosphere Destination’.
A Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal é a maior rota europeia para caminhadas com selo ‘Leading Quality Trails – Best of Europe’, entregue pela Associação Europeia de Caminhada.
Ana Grácio Pinto