Para assinalar o Dia Europeu da Estatística, a Pordata da Fundação Manuel dos Santos publica um trabalho que reúne vários indicadores
A IDADE
Em 2018, Portugal tinha 157 idosos (com 65 ou mais anos) por 100 jovens (com menos de 15 anos), superando a média da UE a 27 países (132 idosos) e ocupando o terceiro lugar da tabela, liderada por Itália (171 idosos).
O país subiu para a segunda posição, em 2019, ao ter 55% de agregados domésticos de uma só pessoa com 65 ou mais anos, ultrapassando a média de 40% da UE. Neste item, a Croácia é o país que tem mais idosos a viverem sozinhos (66% dos agregados) e a Suécia menos (13%). Genericamente, contudo, sem considerar a idade, Portugal figurava em 2019, a par da Croácia e da Eslováquia, no último lugar da tabela dos países com agregados domésticos de uma só pessoa (23%), enquanto a Suécia na primeira posição (57%), transpondo a média da UE (35%).
ABANDONO ESCOLAR
O sétimo lugar também é ocupado por Portugal quanto à taxa de abandono escolar precoce, que, em 2019, se situou nos 10,6% entre os jovens dos 18 aos 24 anos que não completaram o ensino secundário (a média da UE a 27 foi 10,2%, com a Espanha a figurar no topo, com 17,3%). A percentagem da população residente em Portugal sem o ensino secundário ou superior (com idade entre os 25 e os 34 anos) foi, no ano passado, a terceira mais alta (24,8%) de uma tabela liderada novamente por Espanha (30,2%).
MENOS POUPANÇA
No ano de 2018, Portugal foi um dos sete países onde as famílias menos pouparam (7,1%), ao contrário do Luxemburgo, o país mais poupador (21,9%). Um velho e bom hábito português que se perdeu…
FALTA DE ESTUDOS
Portugal liderava, em 2019, o pódio em termos de percentagem de empregadores e trabalhadores por conta de outrem sem o ensino secundário ou superior, respetivamente com 47,4% e 39,8% (a média europeia era de 16,3% em ambos os casos). O país manteve-se no pódio, mas baixando para a terceira posição, ao ter 20,8% da população empregada com contrato de trabalho temporário (Espanha ocupava o primeiro lugar com 26,3%, sendo que a média da UE era 15,0%). Segundo as estatísticas, Portugal era, em 2019, o sétimo país com maior número médio de horas de trabalho por semana (35,6 horas para os trabalhadores dependentes, sendo que a média da UE era 29,9 horas). Neste campo, a Polónia foi o país que despendeu mais horas de trabalho semanais (38,0) e a Alemanha menos (25,6).
VER QUADRO 7
ESTAMOS BEM NO CONSUMO PRIVADO
Portugal foi em 2019, o terceiro país com mais consumo privado e dívida nas administrações públicas em percentagem do Produto Interno Bruto (respetivamente 64,1% e 117,7%), numa lista encabeçada, em ambas as situações, pela Grécia (respetivamente 68,0% e 176,6%).
No ano passado, a maioria das empresas em Portugal (com 10 ou mais pessoas ao serviço) tinha uma página na Internet (59%), mas o país figurava nos três piores lugares, atrás da Dinamarca, no topo (94%), e da média da UE (77%).
Portugal integra igualmente as três piores posições quanto ao número de agregados domésticos com ligação à Internet (81%), atrás da Holanda, na liderança (98%), e da média europeia (90%).
Apesar de em 2018 ser o quinto país com mais polícias por 100 mil habitantes (451), Portugal é o que tem, no mesmo ano, menos mulheres nas polícias (8,1%), ao contrário da Lituânia (39,3%).
Ainda de acordo com as estatísticas, Portugal era, em 2018, um dos sete países com menos emissões de gases com efeito de estufa ‘per capita’, com 6,6 toneladas equivalentes de dióxido de carbono (contra 17,3 do Luxemburgo, no topo da tabela, e 8,4 da média da UE).
No mesmo ano, muito embora Portugal fosse o terceiro país com mais médicos por 100 mil habitantes (515), ultrapassando a média europeia (378), era um dos oito com menos camas em hospitais por 100 mil habitantes (345), numa tabela em que o “campeão” foi a Bulgária (757).
Portugal foi, em 2018, o quinto país que mais gastou em saúde, setor que representou 5,3% do total das despesas das famílias (a Bélgica é líder com 6,6%), e o quarto com mais nascimentos de bebés fora do casamento (55,9%), depois da Eslovénia, Bulgária e França (líder, com 60,4%).
DESIGUAIS NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDIMENTO
O rendimento médio anual das famílias portuguesas é de 12.785 PPS (poder de compra padrão), fazendo com que o País fique em 20.º lugar no total das 27 nações que integram a análise da Pordata. A média europeia é de 19.233 PPS.
Em linha com estes números, a desigualdade na distribuição do rendimento (entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres) fixa-se nos 5,2 em Portugal, ligeiramente acima dos 5,1 na UE27. A taxa de risco de pobreza após transferências sociais (17,3%) também fica acima da média europeia (16,8%). Confrontados com despesas inesperadas, 34,7% dos portugueses não tem capacidade para assegurar o seu pagamento, o que compara com os 55,3% da Letónia ou com os 13,9% de Malta. A média da UE27 é de 32,2%.
O mesmo relatório evidencia que a Portugal é mais activo do que a média europeia: taxa de actividade de emprego e mercado de trabalho ascende a 59% versus 56,4% da UE27. Apresenta também uma taxa de emprego superior tanto no que concerne os homens (60,7%) como as mulheres (50,9%).
PRISÕES SUPERLOTADAS E JUSTIÇA...
Portugal é o sétimo país da União Europeia com uma taxa de ocupação efectiva das prisões mais elevada: 101%. Este valor compara-se com os 120% de Itália e com os 78% da Estónia, nos extremos opostos da análise do estudo da Pordata
Do total de tópicos abordados, eis cinco curiosidades que a Pordata destaca:
– Portugal está entre os dez países com menor peso de estrangeiros no total da população residente;
– Portugal é o país, ao lado da Eslováquia e Croácia, com menor % de pessoas a viver sozinhas no conjunto dos agregados domésticos. A Suécia lidera o ranking: quase 6 em cada 10 dos agregados domésticos são compostos por apenas uma pessoa;
– O país ocupa a 9.ª posição entre os países com maior desigualdade na distribuição dos rendimentos;
– Portugal é o 3.º país com maior % de trabalhadores com contrato de trabalho temporário no total da população empregada. Espanha e Polónia ocupam as primeiras posições;
– É também o 3.º país, a seguir à Grécia e Itália, com maior dívida das Administrações Públicas em % do PIB.
SAÚDE ESTÁ DE… SAÚDE
Já na saúde, Portugal é o terceiro com mais médicos: há 515 profissionais por cada 100 mil habitantes. A média da UE27 é de 378, de acordo com a Pordata. Grécia é o país com mais (610) e a Roménia o país com menos (305). Por outro lado, tem apenas 345 camas por 100 mil habitantes. O estudo revela ainda que 5,3% das despesas totais das famílias portuguesas estão relacionadas com saúde, acima dos 4,4% verificados a nível europeu.