Idanha-a-Velha vai celebrar o lavrador que se tornou rei dos Visigodos

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A 31 de outubro é a vez da Aldeia Histórica de Idanha-a-Velha receber o ciclo ‘12 em Rede – Aldeias em Festa’ 2020. E a história do lavrador que se tornou rei dos Visigodos serve de mote para um dia inteiro de festa naquela povoação do concelho de Idanha-a-Nova.

Com o tema ‘Nas terras do Rei Wamba… Há sementes!’, a aldeia histórica de Idanha-a-Nova recebe amanhã, 31 de outubro, o 11º evento do ciclo ‘12 em Rede – Aldeias em Festa’ 2020, que até ao próximo mês de novembro, leva animação e cultura às 12 Aldeias Históricas de Portugal.
A organização promete em Idanha-a-Velha um dia diferente, recheado de atividades e surpresas para habitantes e visitantes.
Mostras de produtos regionais, oficina de expressão plástica, um concerto de cordofones tradicionais, mas também visitas guiadas temáticas são algumas das atividades que vão ser desenvolvidas, a pensar em todos os gostos e idades, e com entrada gratuita.
Nas terras do Rei Wamba… Há sementes!’ tem como personagem principal um humilde lavrador que um milagre tornou rei dos Visigodos. Esta será a história central das atividades, que também vão girar em torno de outras estórias que a terra tem para contar.
O programa começa às 09h, no forno comunitário, com o evento ‘Vamos acender o Forno – Pão e doçaria de forno’, uma atividade experiencial que vai dar a conhecer técnicas e produções gastronómicas tradicionais criadas nos fornos de lenha.
Das 10h às 21h, o Pátio dos Sabores (antigo posto de turismo) vai receber uma mostra de produções agroalimentares, gastronomia e artesanato regional e no contexto das Aldeias Históricas de Portugal. O local será palco, às 10h30 do lançamento de uma obra com receitas desenvolvidas e confecionadas nos workshops da edição 12 em Rede Aldeias em Festa de 2019, em formato papel e digital.
Uma oficina de expressão plástica às 11h e uma oficina temática, às 15h, ambas com a designer Paula Varandas, construídas em torno das histórias sobre o pão e a sua produção e destinadas ao público infanto/juvenil vão ter lugar nos antigos Paços do Concelho.

Visitas temáticas, um piquenique e um concerto

Do programa faz ainda parte a visita comentada ‘Azeite Egitânea’, às 14h, no Lagar de Varas e a um olival tradicional. O percurso pedestre temático, será conduzido pelo produtor Tiago Lourenço, e vai girar em torno da produção de azeite em modo biológico nos olivais da região e de Idanha-a-Velha em particular.

O programa termina às 21h com o concerto ‘Mano a Mano’, com violas antigas e novas

Uma hora depois, a Casa da Amoreira será palco do ‘Comida de Merenda’ que vai ensinar a preparar um cesto de piquenique e marmitas saudáveis, com a chef Maria Caldeira de Sousa.
A festa ‘Nas terras do Rei Wamba… Há sementes!’ inclui também as visitas-documentário ‘Onde estão os Visigodos?’, um percurso comentado à descoberta das marcas de um dos períodos e povos menos conhecidos do grande público, e ‘Contos das Terras do Rei Wamba’, percurso no tempo e no espaço pela sucessão de histórias lendárias que marcam Idanha-a-Velha.
O programa termina às 21h com o concerto ‘Mano a Mano’, com violas antigas e novas.
O evento é promovido pela Associação de Desenvolvimento Turístico Aldeias Históricas de Portugal, numa organização do Município de Idanha-a-Nova, Junta de Freguesia da União de Freguesias de Monsanto e Idanha-a-Velha, Associações e Agentes económicos locais.
Uma iniciativa apoiada pelo Centro 2020, Portugal 2020 e Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE).
Devido à pandemia, a participação no evento será limitada e sujeita a inscrição prévia, mas a transmissão por livestreaming, no Facebook das Aldeias Históricas de Portugal, permitirá viver e sentir a festa em Idanha-a-Velha.
A inscrição pode ser feita para a totalidade do evento ou apenas para um momento específico, como um concerto ou uma visita guiada, mas o limite de participantes dependerá do espaço e da tipologia de cada atividade.
Pode inscrever-se para o programa da festa na Aldeia Histórica de Idanha-a-Velha, através do Gabinete de Turismo da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, por telefone (277 200 570) ou e-mail turismo@cm-idanhanova.pt .

Idanha-a-Velha celebra o lavrador que se tornou rei dos Visigodos
No período visigótico, e já sob o nome da Egitânia, a povoação viveu momentos de grande desenvolvimento, tendo sido sede de diocese desde 599 e centro de cunhagem de moeda em ouro

Por esta povoação notável passaram várias civilizações

Idanha-a-Velha e o notável conjunto de ruínas que conserva, erguem-se no espaço onde outrora existiu uma cidade de fundação romana (século I a.C.) inserida no território da ‘Civitas Igaeditanorum’, tendo sido, mais tarde, município romano.
Uma inscrição datada do ano 16 a.C., onde consta que Quintus Tallius, cidadão da Emerita Augusta (Mérida) “deu de boa vontade um relógio aos Igeditanos”, testemunha a existência no núcleo urbano nesse momento cronológico. Em 105, a povoação aparece referida numa inscrição da monumental ponte de Alcântara, importante obra de engenharia romana, como um dos municípios que contribuíram para a sua construção.
Diversos vestígios evidenciam, ainda hoje, a permanência dessa civilização na região, entre outros o podium de um templo no qual assenta a Torre dos Templários, a Porta Norte e respetiva muralha e um conjunto excecional de inscrições de diversas tipologias e variado espólio disperso.
No período visigótico, e já sob o nome da Egitânia, a povoação viveu momentos de grande desenvolvimento, tendo sido sede de diocese desde 599 e centro de cunhagem de moeda em ouro. São testemunhos materiais desse período, o Baptistério e ruínas anexas do ‘Palácio dos Bispos’ e a designada ‘Sé Catedral’, que passou depois por profundas alterações arquitetónicas.
Os árabes ocuparam a cidade até à sua tomada por D. Afonso III, Rei de Leão, durante a reconquista, quando fazia já parte integrante do Condado Portucalense aquando da fundação de Portugal. Mais tarde D. Afonso Henriques entregou-a aos Templários e em 1229 D. Sancho II deu-lhe foral.
D. Dinis incluiu-a na Ordem de Cristo (1319), seguindo-se outras tentativas de repovoamento. D. Manuel I, em 1510, institui-lhe novo foral de que o Pelourinho ainda é testemunho. Em 1762 figurava como vila, na comarca de Castelo Branco, em 1811 ficava anexa a Idanha-a-Nova e em 1821 tornava-se sede de um pequeno concelho, extinto em 1836.
Intencionalmente, e ao longo dos séculos, pretendeu-se reorganizar todo o espaço urbano, revitalizando-o no domínio social, económico, político e cultural. Idanha-a-Velha passou por um percurso de desertificação, mas hoje surge renovada.
O último evento do ciclo ‘12 em rede | Aldeias em Festa 2020’ acontece a 07 de novembro, na Aldeia Histórica de Monsanto.
A Rede das Aldeias Históricas de Portugal agrega Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso.

Ana Grácio Pinto

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