Em Oliveira do Hospital, para travar o avanço das espécies exóticas e invasoras, a Câmara Municipal disponibilizou um milhão de árvores autóctones, a título gratuito, para as famílias reflorestarem os terrenos ardidos.
Mas o presidente da câmara lamenta só ter recebido “ candidaturas para 120 mil árvores”.
A floresta está ainda “muito longe” de ser recuperada na generalidade dos concelhos afetados pelos incêndios de outubro de 2017, disse José Carlos Alexandrino à agência Lusa e acrescentou que “as pessoas deixaram de acreditar” nos investimentos e no futuro da floresta.
“Há um descrédito total na questão florestal. As pessoas preferem não fazer nada”, declarou.
Alertando para as dificuldades na reabilitação das áreas queimadas em 2017, no interior do país, o autarca, que também lidera a Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, considerou que no seu concelho, em contrapartida, a recuperação de casas e empresas “correu bem”.
Dos cerca de 30 municípios da região Centro devastados pelo fogo, em 15 e 16 de outubro de 2017, o de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, foi um dos mais atingidos, tendo registado 13 mortos num total de 50.
“Muito se fez, mas muito falta fazer. A nossa floresta está muito longe de ser recuperada”, afirmou o eleito do PS, que cumpre um terceiro mandato na autarquia.
Nas celebrações do feriado municipal, no dia 07, José Carlos Alexandrino recordou o impacto local da tragédia, em que “dezenas de pessoas ficaram queimadas”, enquanto “dezenas de empresas viram arder as suas instalações”.
Reconstrução de casas foi prioridade
Os incêndios, sublinhou, “devastaram a floresta quase na sua totalidade” e centenas de casas “ficaram destruídas”.
Entretanto, entre 127 imóveis de primeira residência do concelho cujas candidaturas aos apoios do Estado foram aprovadas, pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), 125 já estão recuperados, salientou à Lusa.
“Deixámos de fora obras que consideramos estruturantes”, disse José Carlos Alexandrino, frisando que, nestes três anos, a Câmara elegeu como prioridade da sua ação o apoio às famílias, instituições e empresas afetadas pelos fogos.
Na sua opinião, “correu bem a reconstrução das primeiras habitações”, faltando concluir duas.
Quanto às segundas habitações destruídas, total ou parcialmente, Oliveira do Hospital contabilizou “mais de duas centenas”, mas apenas 41 proprietários recorreram aos apoios.
Foram consideradas elegíveis 20 candidaturas, equivalentes a um investimento global superior a um milhão de euros, cabendo à autarquia ajudar com cerca de 500 mil euros.
Sobre as empresas que arderam em Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino disse que “a maior parte já estão recuperadas”.
Algumas, designadamente na zona industrial da cidade, onde o nível de destruição foi mais acentuado, “têm agora melhores instalações” do que antes do incêndio. “Os nossos empresários deram uma lição”, regozijou-se.
Já o setor da agricultura, referiu, “foi a pecha destes incêndios”, uma vez que os produtores, em geral, “não tiveram um tratamento igual” ao concedido pelo Estado aos demais empresários.