OPINIÃO
“ Essa barba bem feita” e “ perfilem bem pela direita suas amélias”
Dias depois de terem vindo a público as novas regras da Policia Segurança Pública- e que, passaram a proibir certos cortes de cabelo, barbas e roupas, veio a público, por parte do Ministério da Defesa, o uso de linguagem “não discriminatória” nas Forças Armadas para a promoção da igualdade de género.

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho (C), à chegada para a cerimónia de entrega de espadas aos novos oficiais dos Quadros Permanentes do Exército, na Academia Militar, em Lisboa, 01 de outubro de 2020. FOTO-ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
Há muito que se assistia, no seio de alguns homens ao serviço da PSP , alguma falta de aprumo, quer a nível de fardamento, quer a nível de mal barbeados, mal ataviados e o uso que se estava a generalizar de exibição de tatuagens, bem como o uso em serviço do telemóvel estando a um serviço de ronda ou gratificado. Comparar o aprumo de muitos agentes dos dias de hoje com os agentes dos idos anos 70 ou 80 é abismal. O Ministério da Administração Interna mais tarde ou mais cedo teria que vir por ordem nas fileiras, apesar da PSP não ser uma força militar. Porém já o Ministério da Defesa, perdeu uma boa oportunidade a respeito da linguagem, entre fileiras e camaradas de estar calado e é “patentemente ridícula, desnecessária e até insultuosa” para os militares.
As “normas relativas ao aprumo, apresentação e uso de uniforme” para os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) eram as mesmas há 12 anos. Mas foram atualizadas num despacho assinado pelo diretor nacional da PSP, Manuel Magina da Silva. Agora, tatuagens com “símbolos, palavras ou desenhos de natureza partidária, extremista, rácica ou de incentivo à violência” são proibidas em qualquer parte do corpo e os polícias que as têm devem removê-las no prazo de seis meses. Mais: os candidatos à PSP serão excluídos se tiverem este tipo de tatuagens, a não ser que as removam até ao final do concurso de admissão.
Quanto às restantes tatuagens, só são permitidas no braço, acima da linha do cotovelo e nos pés até 10 centímetros acima da linha do tornozelo. Todas as outras, em outros locais do corpo, devem ser tapadas com o uniforme ou, em alternativa, por uma manga ajustada de cor neutra ou uma calça justa.
No tempo em que para ingressar nas forças de segurança o cumprimento do serviço militar obrigatório a passagem da “rapaziada” pela guerra colonial sempre foi assinalada com “amor de mãe” a data de incorporação, a companhia e a provincia ultramarina, onde deu o corpo ao manifesto. Mas agora as tatuagens são outras e algumas até assustam!
Quanto aos cabelos, não serão admitidos cortes com “diferenças abruptas de tamanho” e, quem quiser pintar, terá de optar por uma “cor natural”. As mulheres podem usar franja, mas o tamanho não pode exceder “a linha das sobrancelhas”. Além disso, quando usam cabelo comprido devem apanhá-lo “com um gancho, travessa, elástico, fita ou rede, de tom similar do cabelo”.
No caso das unhas das mulheres polícia estas devem ser pintadas de cor uniforme e não exceder três milímetros de comprimento e a maquilhagem deve ser discreta.
Os polícias não podem usar óculos espelhados e a utilização de equipamentos tecnológicos portáteis pessoais, como telemóveis, é efetuada “pelo tempo estritamente necessário e apenas para assuntos que sejam urgentes”.
Logo vieram a público alguns dos sindicatos “ das dezenas” que esta instituição alberga, revindicar as liberdades, direitos e garantias, destes cidadãos, que de verdade tem que cumprir regras e são livres de não as aceitar ou deixar de cumprir, escolhendo outra profissão. Um dress code uniforme para todos os que escolheram esta nobre e perigosa profissão tem que existir e um agente fardado representa a imagem do seu país, aqui no continente ou nas ilhas.
Diretiva anulada
Quanto à linguagem no seio das Forças Armadas, a mesma tem um determinado padrão, próprio da instituição castrense e todos sabemos que na recruta é usual, no seio de uma instituição, em que os homens tem décadas de anos sem mulheres nas fileiras, de por exemplo “acertem o passo suas Amélias” “isto é para homens de barba rija” pois o país quer é Forças Armadas modernas e robustas, e não moderninhas e subservientes, e só pedimos é um Governo competente que resolva a agonia de recursos humanos e materiais com que sobrevivem há anos a fio e que as reestruture por forma a ter forças militares bem apetrechadas e que motivem os mais jovens a engrossarem as suas fileiras, e porque não fazer regressar o serviço militar obrigatório durante um ano, como escola de virtudes e um verdadeiro pilar da soberania . As associações de oficiais, sargentos e praças não gostaram da diretiva sobre a linguagem discriminatória nas Forças Armadas e dizem que há problemas mais importantes para resolver, como o acesso à saúde ou a revisão das carreiras.
Lançar normas, no campo da comunicação escrita, recomendando a “neutralização ou abstração” de género, substituindo determinadas palavras por termos neutros – como por exemplo, em vez de “nascido em” preferir “data de nascimento”, ou substituir “os políticos” por “classe política”.
A comunicação oral não ‘escapa’ às recomendações, com a diretiva a recomendar que se evite linguagem que “muitas vezes descreve as mulheres de forma não valorativa ou mesmo depreciativa, até quando usada para insultos a homens”, como por exemplo, “as expressões “deixa-te de mariquices” ou “pareces uma menina, porta-te como um homem”.
Se por um lado no campo das normas da PSP e já agora porque não da GNR, se explica, as normas da linguagem e comunicação, no seio das Forças Armadas, mais parecem normas saídas de alguém com responsabilidades a nível governamental ou ministerial que nunca fez serviço militar e que certamente nas suas visitas, ao ouvir a voz de comando a um pelotão ou companhia, pensa que a linguagem não pode ser firme e se escuda nestes preciosismos.
Não havia necessidade!
Se por um lado nas normas deu um passo em frente, aqui deu dois passos à “retaguarda, arche!” E o passo ou dois passos atrás foi dado, quando dias depois o Ministro da Defesa mandou anular a diretiva sobre a “linguagem inclusiva”, por ser um documento que “não evidencia um estado de maturação adequado”. Caso para dizer em linguagem militar ” andam a brincar com a tropa!”
António Freitas